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Pandemias na Humanidade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Pandemia é um termo usado para uma determinada doença que rapidamente se espalha por diversas partes do continente e regiões do mundo. Essas doenças têm alto poder de contágio e proliferação, causando medo, sofrimento e mortes.
Surtos pandêmicos se repetem pelos séculos desafiando a ciência e a capacidade de superação do ser humano. Embora, algumas semelhanças na forma de contágio e nos métodos para conter a propagação sejam semelhantes.

Praga de Atenas

Há mais de dois mil anos já se falava em Pandemia e preocupava grande parte da população ao mesmo tempo. Uma das primeiras que se tem notícia foi em 430 a.C quando a febre tifoide abalou Atenas, o berço da democracia. A doença pode ter sido responsável pela morte de até 35% da população local. Outros surtos foram identificados em todos os séculos seguintes.

Peste Antonina –século II

Evidências históricas indicam que a infecção causada pelo vírus da varíola sobre o Império Romano durou aproximadamente 200 anos (165-180). Estima-se em 5 milhões de mortos, inclusive o imperador Lúcio Vero foi vítima desse mal no ano 169 d.C


Peste de Justiniano – século VI

Peste de Justiniano ocorreu entre 541-542 D.C., também chamada de peste bubônica, porque era causada por ratos infestados de pulgas com o vírus. Iniciada no Egito chegou à Constantinopla, capital do Império Bizantino com duração de 200 anos. Nessa pandemia, calcula-se entre 30 e 50 milhões de mortes, Imperador Justiniano I também contraiu a doença, mas sobreviveu.

Varíola Japonesa – século VIII

A varíola se propagou rapidamente causando um milhão de óbito, ou seja, um terço da população asiática, nos anos 735–737 d.C

Peste Negra – século XIV

Atingiu o continente europeu entre 1347 e 1353. Historiadores estimam que a peste resultou na morte de até 50 milhões de pessoas, dizimando 1/3 dos europeus. De origem bubônica, a peste negra iniciou na Ásia Central e espalhou-se pela Europa e África, por meio de caravanas comerciais que se dirigiam para cidades portuárias de Gênova e Veneza, onde a atividade comercial era intensa e com grande concentração demográfica. As condições precárias de higiene contribuíram para a proliferação dos roedores infectados com bacilo Yersinia pestis e por consequência as pulgas hospedeiras desses ratos transmitiam a doença através da picada aos humanos. Posteriormente, a contaminação se dava pelo contato de uma pessoa com a outra, através de espirros, tosse ou outras secreções.
A peste bubônica recebeu esse nome por causa dos bubões que surgiam no corpo dos doentes, enquanto que as manchas negras na pele deram codinome à doença de “peste negra”. A última grande epidemia de peste bubônica ocorreu na Inglaterra entre os anos de 1665 a 1666 provocando a morte de 3 milhões de pessoas.

Artistas pintores retrataram em quadros a realidade vivida na época. Na obra de Pieter Bruegel, intitulada “O Triunfo da morte”, as pessoas de várias ordens sociais eram representadas juntas, dançando com esqueletos simbolizando a morte, semelhante a uma “dança macabra” ou “dança da morte”.

O autor italiano Giovanni Boccaccio relata o desfecho da doença na Europa, em seu famoso livro Decameron: [...] “A Peste, em Florença, não teve o mesmo comportamento que no Oriente. Neste, quando o sangue saía pelo nariz, fosse de quem fosse, era sinal evidente de morte inevitável. Em Florença, apareciam no começo, tanto em homens como nas mulheres, ou na virilha ou na axila, algumas inchações. Algumas destas cresciam como maçãs; outras, como um ovo; cresciam umas mais, outras menos, chamava-as o populacho de bubões. Dessas duas referidas partes do corpo logo o tal tumor mortal passava a repontar e a surgir por toda parte” (BOCCACCIO, Giovanni. Decameron. São Paulo: Abril Cultural.
Foi com a “peste negra” a primeira vez que se ouviu falar em quarentena. Surgiu na cidade de Veneza, mas já era um tipo de prevenção utilizada desde o Velho Testamento bíblico, devido aos surtos de hanseníase da antiguidade.

Varíola – século XVI

A varíola, também chamada de bexiga, é considerada a segunda maior pandemia da história. Estima-se que matou até 90% da população nativa americana. Com 56 milhões de mortes foi determinante na queda do Império Azteca, no México.
Cicatrizes em Múmias, como a de Ramsés V, que data o período de 1157 a.C, apresentam sinais típicos da varíola. A pessoa acometida do vírus tinha pelo corpo numerosas protuberâncias cheias de pus, coceira intensa e dor.
No Brasil, esta foi a principal causa de mortes desde o seu descobrimento. A OMS considera a doença erradicada na década de 1970.

Cólera – século XIX

A cólera é uma infecção intestinal causada pela Vibrio cholerae, bactéria que costuma viver na água.Seus principais sintomas são diarreia e vômitos que podem levar à desidratação.

A falta de higiene adequada e de condições sanitárias como o tratamento de água e esgoto foram responsáveis por um milhão de mortes no continente asiático, entre 1817-1923.

Febre Amarela século XIX

A transmissão se dá por meio da picada dos mosquitos Aedes aegypti contaminado. Supõe-se que o mosquito é de origem africana e chegou ao Brasil através de navios que transportavam os escravos.

A doença impactou as cidades nos anos 1800, causando de 100 mil a 150 mil mortes.

A melhor forma de se evitá-la é por meio da vacinação, disponível gratuitamente em postos de saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em portos e aeroportos. O controle do mosquito Aedes aegypti é outra medida eficaz, tendo a vantagem de também prevenir a dengue.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/febre-amarela.htm


Epidemia de Varíola

Causada pelo Orthopoxvirus variolae, era transmitido de pessoa para pessoa, geralmente por meio das vias respiratórias e também pelos objetos utilizados pela pessoa infectada. As manchas avermelhadas que apareciam na pele se transformavam em bolhas purulentas que, após um período, secavam e formavam crostas popularmente chamadas de “bexiga de canudo”.

A primeira epidemia de varíola no Brasil começou em 1563, matando pelo menos 30 mil indígenas. Em Palhoça, a doença alarmou a população no início da República. José Lupércio Lopes, 1919, assim a descreveu: “De doente em doente, de dia a dia alastrava-se o mal, que dizimava a população, afugentava parte dela, trazendo o horror com todo o seu fúnebre cortejo. O comércio, a indústria e a lavoura então nascentes, precisando dos indispensáveis auxílios, desapareceram, com o terrível flagelo[...]Depois, porém dessa terrível epidemia, que durante dois anos ceifou vidas preciosas, ficou a freguesia em completo atraso, com falta dos produtos da lavoura; com a ausência e o falecimento de muitos habitantes, o que tudo trazia tristes recordações”.

Em 1904, a vacinação contra varíola causou alvoroço no Rio de Janeiro, visto que permitia médicos sanitaristas acompanhados de policiais entrarem nas casas obrigando o morador tomar a vacina. Mas foi graças a campanha de vacinação em massa que a doença é considerada pela Organização Mundial de Saúde erradicada desde 1980.

Gripe –Vírus Influenza- séculos XVI-XVIII-XIX

A primeira pandemia de gripe foi relatada em 1580. Consta que muitos séculos antes, a conquista da Europa por Carlos Magno teria sido retardada por causa da epidemia de influenza que teria dizimado parte de seu exército. Outros surtos foram registrados em 1729, 1732, 1781, 1830, 1833.

Gripe Russa – H2N2 -século XIX

A gripe russa aconteceu de 1889 a 1890 levou a óbito até um milhão e meio de pessoas. Causada pelo vírus da Influenza, A subtipo H2N2 encontrado nas aves. O surto ocorreu no Império Russo, chegou ao Rio de Janeiro e contaminou até o imperador D. Pedro II (1825-1891).

No Carmelo de Lisieux na França, chegou em janeiro de 1892, quando a jovem carmelita Santa Teresinha do Menino Jesus, tinha apenas 19 anos. Ela deixou escrito o que presenciou no Carmelo durante a pandemia. “[...] O Bom Deus me deu, de boa vontade, forças para esse momento, eu me pergunto agora como eu pude fazer sem medo tudo o que fiz; a morte reinava por toda parte, as mais doentes eram cuidadas por aquelas que mal se arrastavam, logo que uma irmã dava o último suspiro nós éramos obrigados a deixá-la só.[...]” https://pt.aleteia.org/2020/05/07/a-terrivel-pandemia-que-santa-teresinha-enfrentou-no-carmelo/

Na época acreditava-se que banhos quentes e vinho eram remédios, por esse motivo, durante o surto, casas de banho ficaram populares em Londres. A escritora Kathleen O'Meara (1839-1888), nasceu na Irlanda e morreu na França. Escreveu o poema “Curar”, sobre a pandemia de sua época, tão parecida com o que vivemos em nosso século

Curar

E as pessoas ficaram em casa
E leram livros e ouviram música
E descansaram e fizeram exercícios
E fizeram arte e jogaram
E aprenderam novas maneiras de ser
E pararam
E ouviram mais fundo
Alguém meditou
Alguém rezava
Alguém dançava
Alguém conheceu a sua própria sombra
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente
E as pessoas curaram.

E na ausência de gente que vivia
De maneiras ignorantes
Perigosos, perigosos
Sem sentido e sem coração,
Até a terra começou a curar
E quando o perigo acabou
E as pessoas se encontraram
Elas ficaram tristes pelos mortos
E fizeram novas escolhas
E sonharam com novas visões
E criaram novas maneiras de viver
E curaram completamente a terra
Assim como elas estavam curadas.

Kathleen O'Meara (1839-1888)


Gripe Espanhola – H1N1- século XX

A grande epidemia da gripe espanhola ou peste pneumônica, aterrorizou o mundo há 102 anos. A primeira pandemia causada pela mutação do vírus Influenza A-H1N1 iniciou logo após a primeira guerra mundial e durou dois anos, 1918-1919, tornando-se a mais devastadora já registrada na história. Conhecida pelo nome de gripe espanhola, pelo fato de ser a Espanha o primeiro país a noticiar o surto da doença.
Possivelmente, teve origem em alojamentos militares em Kansas, nos Estados Unidos e Base Inglesa na França. O deslocamento de soldados para diferentes lugares, disseminou o vírus pelo mundo. Além disso, coincidiu com o caos social, miséria e saúde fragilizada do povo no final do conflito.

Estima-se que o vírus infectou um quinto da população mundial, aproximadamente 600 milhões de pessoas, entre idosos, crianças, jovens e adultos.

Fontes bibliográficas descrevem os sintomas iniciando com dor de cabeça e calafrios tão intensos que os cobertores se tornavam inúteis. Depois começava a tosse com sangue e os pés ficavam pretos. Quando os pulmões se enchiam de secreções, era o fim. E tudo isso ocorria com velocidade assustadora. Da saúde ao óbito, passavam-se poucos dias, ou mesmo horas. “Pessoas saíam de manhã para trabalhar e não retornavam”, escreve a jornalista americana Gina Kolata em Gripe: a História da Pandemia de 1918 Fonte: https://historiablog.org/2009/09/04/gripes-historicas-a-historia-das-gripes/

Mais de 50 milhões de pessoas foram a óbito por graves complicações respiratórias, número muito maior que as perdas na Primeira grande Guerra Mundial.

Gripe Espanhola no Brasil

A gripe espanhola chegou ao Brasil a bordo do navio Inglês Demerara, em setembro de 1918. Do Porto de Recife (PE) espalhou-se por todo o litoral brasileiro. Foi necessário instalar Hospitais improvisados para atender a população.

Em pânico e sem hospitais públicos, os brasileiros procuravam as delegacias e farmácias em busca de orientações. Tomavam de tudo que a cultura popular e tradição ensinava: água tônica de quinino, limonada purgativa, chá de canela, canja de galinha, e até cachaça com limão e mel. O receituário médico quando conseguiam era à base de arsênicos, os mesmos utilizados para combater a sífilis, pois não havia disponíveis os antibióticos de amplo espectro, como por exemplo a penicilina que foi descoberta somente alguns anos depois. Foram 600 milhões de pessoas infectadas no início do século passado, no Brasil, o Rio de Janeiro por ser a capital, foi a cidade mais infectada com a doença, em apenas um dia morreram 920 pessoas (22 outubro de 1918). A imprensa noticiava que os corpos empilhados apodreciam nas calçadas e a polícia forçava alguns homens sepultar os cadáveres em plena madrugada. O desespero era tanto que até casas que ficaram abandonadas com corpos em estado avançado de putrefação. No Brasil, o presidente eleito Rodrigues Alves (1848-1919) foi acometido pelo vírus, vindo a óbito pela moléstia.


Gripe Espanhola em Santa Catarina

Na Ilha de Santa Catarina, chegou através dos navios de cargas e de passageiros das empresas de navegação que faziam quinzenalmente a rota Rio de Janeiro a Florianópolis. (Arquivos Catarinenses de Medicina).

O grande número de doentes durante a pandemia muda radicalmente a rotina da cidade e das pessoas. O pânico instala-se na população da Ilha e do continente também, incluindo São José e Palhoça, como informa a nota do jornal “O Estado” em 1918: “A epidemia está se alastrando agora para o interior da Ilha e arredores”.

A população não podia velar nem enterrar seus entes queridos, relato do “Jornal Terra”, de 29/11/1918: “O Sr. Superintendente Municipal, de accordo com o Sr. Dr. Inspector de Hygiene, expediu hoje portarias prohibindo as romarias aos cemitérios e entrada de mais de oito pessoas nos mesmos por occasião de enterros”.

Outras recomendações circulavam pela imprensa, tais como: evitar visitas aos cortiços e casas consideradas de baixa higiene, desinfetar carroças de lixo (Relatório da Inspetoria de Higiene, 1919), lavar as casas de dois em dois dias com água e creolina, expor as roupas diariamente ao sol, manter as portas e janelas abertas durante o dia e outras medidas de higiene doméstica (Boletim Commercial, primeira quinzena, novembro de 1918, No 21)

O pânico causado pela doença é retratado em Memórias da Cidade de Florianópolis, onde lê-se: “Estabelecimentos de ensino fechados; os cinemas cerraram as portas; a turma se dispersava dos pontos habituais; os sinos da Catedral plangeavam os finados o dia todo; o obituário na coluna de “O Estado” arrolava nomes conhecidos e queridos; os gêneros alimentícios escasseavam no mercado; os médicos não tinham mãos a medir; agonizantes se amontoavam pelas alas e corredores do Hospital de Caridade e do Hospital Militar; nas farmácias, os estoques de medicamentos iam sendo consumidos, hora a hora (...)”.

Havia falta de alimentos, de remédios, de leitos e até de caixões, muitas pessoas buscaram refúgio em áreas afastadas no interior. Em algumas cidades foi criado cemitério especialmente para as vítimas da doença. Os profissionais de saúde eram poucos no Estado, os práticos auxiliavam no atendimento à população carente, como os farmacêuticos Francisco Pereira e Oliveira, Luiz d’Acampora e Henrique Brüggman, além do prático de farmácia, João José da S. Medeiros foram incumbidos de visitar as pessoas infectadas no interior da Ilha e no continente próximo, incluindo Palhoça, onde a população mais vulnerável era afetada. Fonte Arquivos Associação Catarinenses de Medicina. O primeiro Posto de Saúde foi criado apenas em 1924, na Vila de São José, tratava da opilação ou ancilostomose. O doente viajava de madrugada até o local para ser medicado. Mais tarde o governo iniciou a instalação de fossas sépticas para melhorar a saúde das pessoas. Em 1950 foi criado o Posto Ambulante que percorria aos sábados o interior de Palhoça. (Fonte: Retalhos do Passado, Gercino dos Santos)

Nessa pandemia a capital catarinense registrou dez mil casos (30% da população) causando 126 mortes, sendo que a primeira vítima fatal ocorreu no dia 23 de setembro de 1918, cinco dias antes da posse do governador Hercílio Pedro da Luz.

O governador recém empossado criou uma secretaria para cuidar dos serviços de higiene pública e mais tarde realizou obras de saneamento básico a exemplo do abastecimento de água, coleta de lixo e canalização do Rio da Bulha, atual Avenida Hercílio Luz. A partir de 1920 é visível a melhoria das condições sanitárias no centro da capital catarinense.

As reformas sanitárias no Brasil: Oswaldo Cruz

No início do século XX, a febre amarela deu ao Rio de Janeiro o codinome de “Túmulo dos Estrangeiros”, pela morte de muitos imigrantes. O Presidente Rodrigues Alves, ciente dos problemas, estabeleceu como prioridade o saneamento e a reforma urbana da cidade, para isso, nomeou Oswaldo Cruz para a Diretoria Geral de Saúde Pública, cargo que corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. O primeiro passo era erradicar a epidemia de febre amarela e vacinar a população contra a varíola. O sanitarista estruturou a campanha contra a febre amarela, dividindo a cidade em dez distritos sanitários, cada qual chefiado por um delegado de saúde. Reformulou o Código Sanitário e reestruturou todos os órgãos de saúde e higiene do país. Erradicou a doença e ganhou uma medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro.

A Revolta da Vacina

Na reforma, Oswaldo Cruz tornou obrigatória a vacina contra varíola. Deu poderes à polícia sanitária para imunizar os moradores de uma área de foco de mosquito causador da febre amarela. Quem se recusasse seria submetido à observação médica em local apropriado, pagando as despesas de estadia. Tal medida gerou protestos dos parlamentares e associações de trabalhadores que organizaram a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. No dia 13 de novembro de 1904, estourou a “Revolta da Vacina”. Choques com a polícia, greves, barricadas, quebra-quebra, tiroteios nas ruas, a população se levantou contra o governo, que logo suspendeu a obrigatoriedade da vacina.

Campanha contra Peste Bubônica

Oswaldo Cruz iniciou a campanha contra a peste bubônica com notificação compulsória dos doentes, isolamento e aplicação do soro fabricado em Manguinhos, vacinação nas áreas mais problemáticas, como a zona portuária, bem como desratização da cidade. A inédita decisão da Saúde Pública de pagar por cada roedor capturado, deu origem aos inúmeros compradores de gabirus que percorriam a cidade, só agravou a situação. Mas, em poucos meses, a incidência de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam a doença.

Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública, passando a dedicar-se apenas ao Instituto de Manguinhos, que fora rebatizado com o seu nome. Morreu de insuficiência renal, na manhã de 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos de idade.

Fonte: http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publica

As reformas sanitárias no Brasil: Carlos Chagas

O médico sanitarista, infectologista, cientista, Carlos Chagas, assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz, em 1917. Reorganizou os Serviços de Saúde Pública, criou o Departamento Nacional de Saúde Pública. Durante a pandemia da Gripe Espahola, propagou suas memoráveis campanhas de saneamento, criou hospitais improvisados, postos de atendimento e cartilhas impressas, onde constavam orientações: Evitar aperto de mão, lavar as mãos com água e sabão, isolamento e suspensão de aulas.

Cerca de 35 mil almas pereceram no Brasil. Após essa terrível pandemia a História da Saúde Pública, o Brasil passou por sucessivas reorganizações administrativas e órgãos foram criados para prevenção e controle de doenças.

Na década de 1930, foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp). Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, mais tarde Criação do Ministério da Saúde, regulamentado pelo Decreto nº 34.596, de 16 de novembro de 1953 (Lei nº 1.920, de 25/7/1953), em 1991, a Fundação Nacional de Saúde, culminando em com a aprovação da Constituição Federal em 1988, onde no Art. 196 está expresso: “saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Muito ainda temos que avançar nesse quesito.

Gripe Suína – século XXI

Oficialmente denominado como gripe A é causada pelo vírus influenza A - subtipo H1N1. De acordo com a OMS, 207 países notificaram casos confirmados entre os anos de 2009 e 2010. Durante esse período, foram quase 9 mil mortos em decorrência da doença. A transmissão se dá de humano para humano, e causa os sintomas habituais da gripe por meio de secreções respiratórias como gotículas de saliva, tosse ou espirro, principalmente. A melhor forma de evitar o contágio da doença é por meio da vacinação. A vacina da gripe H1N1 está disponível na rede pública, são do tipo trivalentes, ou seja, que imuniza o paciente contra três tipos de vírus diferentes. A cada ano, a vacina da gripe muda, de modo que todos os anos é necessário tomar vacina da gripe.

Além da vacina, a prevenção da gripe H1N1 segue as mesmas diretrizes de qualquer tipo de gripe, só que o cuidado deve ser redobrado, com uso de máscaras e álcool-gel

COVID-19 - SÉCULO XXI

O coronavírus é uma família de vírus que causa desde resfriados comuns a síndromes respiratórias graves. Em 7 de janeiro de 2020 foi descoberto um novo tipo de coronavírus o SARS-COV2, agente causador da doença COVID-19. Esse vírus é assim chamado porque, microscopicamente, em sua superfície, há várias estruturas que lembram um coroa.

Os primeiros casos da doença ficaram conhecidos no final de 2019, quando a Organização Mundial da Saúde foi comunicada a respeito de vários casos de pneumonia, sem causa definida, ocorrendo na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. O vírus rapidamente alastrou-se pelo mundo, ao atingir cerca de 200 países em todos os continentes, levou a Organização Mundial de Saúde classificar a doença como uma pandemia. Os principais sintomas da COVID-19 são: dor de garganta, febre, tosse, falta de ar e dificuldades respiratórias, tem força maior em organismos com comorbidades, ou seja, com doenças pré-existentes.

Semelhante ao surto da gripe espanhola de 1918, a transmissão de uma pessoa para outra ocorre quando gotículas de espirro ou tosse dos infectados entram em contato com as mucosas (olhos, nariz, boca), causando a infecção por coronavírus, podendo sobreviver fora de um hospedeiro por mais de 72 horas. Recomenda-se desinfetar corrimões, maçanetas, botões etc., pois são locais onde pode haver risco de contaminação.

É fundamental prevenir-se da doença e evitar a transmissão para outras pessoas. Especialistas recomendam manter distância social, lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou higienizar com álcool em gel 70%, usar máscara, não compartilhar objetos pessoais, evitar aglomerações, não colocar mão na boca, nariz e olhos, manter ambientes ventilados, entre outros.

Até meados de junho de 2020 o número de contaminados por COVID-19 no planeta, segundo a OMS, supera os sete milhões. No Brasil, ultrapassou um milhão de casos confirmados, com 50 mil óbitos. Santa Catarina tem 17mil casos com 240 óbitos, Palhoça até o momento 410 casos e duas vítimas fatais com comorbidades, segundo boletim diário do Ministério da Saúde.

As recomendações de prevenção à Covid-19 têm foco além do isolamento social, mudança nos hábitos higiênicos, incluindo o uso de máscaras e de álcool-gel.

Para evitar a propagação da doença e o caos no sistema de saúde, enquanto vacinas e medicamentos são testados mundo afora, os governos apostam no confinamento como um meio de limitar a concentração de pessoas. Medidas são adotadas para evitar o colapso ainda maior. Fronteiras são fechadas, aulas, transportes públicos, cerimônias religiosas, eventos esportivos, reuniões, todos suspensos. Ruas desertas nas cidades, funcionando restrito o comércio de serviços essenciais. Ajuda financeira emergencial é liberada pelo governo para suprir o mínimo das necessidades básicas da população vulnerável.

Pesquisas demonstram que o caos social e mudanças de comportamento sempre houveram em grandes pandemias. Certamente, no mundo pós COVID19, novos hábitos serão assimilados e passarão a fazer parte do cotidiano da pessoa física e da jurídica.

Nesses tempos de isolamento social, percebe-se sobretudo nas empresas, a alta demanda pelos serviços digitais. Na população, o acesso às tecnologias e informações instantâneas refletem positivamente para melhor prevenção contra doenças, ao mesmo tempo em que há disseminação de informações falsas, causando pânico.

A polêmica é: Manter fechado ou reabrir o comércio? Poupar vidas ou empregos? Em meio as incertezas geradas pela pandemia do novo coronavírus, cabe-nos acolher recomendações sanitárias e, sobretudo, cada um fazer a sua parte, enquanto a rede mundial de pesquisa estuda uma vacina de fundamental importância para efetivar a saúde como um direito de todos e um bem universal.


A história das vacinas

O termo vacina tem origem do latim e significa “de vaca”, uma referência à forma como a vacina foi criada. Previne contra doença ao estimular a produção de anticorpos pelo sistema imunológico.

Criada no século XVIII pelo médico inglês Edward Jenner (1749-1823), a primeira vacina foi para a prevenção da varíola, doença transmissível que assolava a humanidade desde antes de cristo.

No Rio de Janeiro, a obrigatoriedade da vacinação imposta no período de 10 a 16 de novembro de 1904 pelo médico e sanitarista Oswaldo Cruz, causou grande descontentamento e revolta na população. O episódio ficou conhecido como a “Revolta da Vacina”. O governo de Rodrigues Alves revogou a Lei da Vacina Obrigatória e a polícia prendeu várias pessoas que estavam protestando pelas ruas da cidade.

Atualmente, o Brasil apresenta um dos maiores programas de vacinação do mundo, contra diversas enfermidades. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza imunização para crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e indígenas

Ao todo são 19 vacinas para mais de 20 doenças, cuja proteção inicia nos recém-nascidos e se estender por toda a vida. Com a vacinação, muitas doenças (como sarampo, tuberculose e tétano) foram controladas e outras) erradicadas (varíola e poliomielite).

O estudo sobre o sequenciamento do vírus A H1N1 em 2005, permitiu aos pesquisadores criar vacina para imunizar a população na pandemia da

Gripe Suína de 2009, havendo nessa pandemia menos morte, embora disseminada pelos cinco continentes.

O combate ao vírus não para por aí, pois, uma vez modificado o código genético do H1N1, origina-se um novo subtipo e a possibilidade de novas pandemias, sendo necessário atualização na composição da vacina. É o que estamos vivenciando com o vírus SARS CoV-2, ou COVID-19, cuja estrutura do agente infeccioso é diferente da influenza A H1N1. Acordos e parceria são firmados entre os países para transferência de tecnologia na produção da vacina. Tal posição revela a importância de ações políticas no fortalecimento da pesquisa na busca da cidadania.

By Neusa Bernado Coelho-Escritora, Historiadora.

Referências

Monografia Município de Palhoça, 1919-José Lupércio Lopes.
Retalhos do Passado-Depoimento de um Palhocense-Gercino dos Santos

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https://atlas.fgv.br/verbetes/gripe-espanhola
https://brasilescola.uol.com.br/doencas/coronavirus-covid-19.htm.
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http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publicahttps://www.minhavida.com.br/saude/temas/gripe-h1n1
https://mundoeducacao.uol.com.br/curiosidades/as-piores-epidemias-historia.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/peste negra.htmhttps://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm
https://ndmais.com.br/noticias/cidade-esvaziada-e-isolamento-florianopolis-revive-cenario-100-anos-apos-gripe-espanhola/https://www.oficinadanet.com.br/coronavirus/30272-casos-coronavirus-mundo
https://pt.aleteia.org/2020/05/07/a-terrivel-pandemia-que-santa-teresinha-enfrentou-no-carmelo/
http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2020/04/gripe-espanhola-os-conselhos-de-102-anos-atras-12317886.html
https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/o_exercicio_da_medicina_no_enfrentamento_da_covid-19_vulnerabilidades_e_necessidades_protetivas_-_final_-_1.pdf
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "História da vacina"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/a-historia-vacina.htm.
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https://www.uffs.edu.br/campi/erechim/noticias/artigo-as-pandemias-na-historia
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/03/29/o-que-a-pandemia-de-gripe-suina-ensina-ao-brasil-sobre-politicas-para-saude.htm
https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/

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