Publicidade

Fragmentos da História da Ponte do Imaruim

28
Foto: Bruno Moreira da Cunha

A Ponte de Imauim fica localizada a dois quilômetros da sede do município de Palhoça. O Rio Maruim dá nome ao bairro e  tem aproximadamente 40km de comprimento, nasce perto de Angelina, divide o município de Palhoça e São José, recebe esse nome devido a existência de milhares de mosquitos pequenos em seus banhados (em tupi-guarani: Imarohy). Já o  historiador argentino  Felix F. Outes, relata que Maruim significa porto de Vera ou Yurú-Mirim.

A primeira descrição desse rio é observada em 1796. ”O Rio Imaruhi que fica meia légua ao sul da freguesia tem na barra 60 brasas de largo: A navegação para canoas se dá até o lugar onde está a guarda do dito rio e se gasta menos de um dia. Da dita guarda para cima, chega a ter somente 1 brasa de largo, e 2 ou 3 palmos de fundo em algumas partes”

 O rio e seus afluentes tiveram papel fundamental na ocupação interiorana do município de Palhoça, desde século XVIII. Também servia como meio de transporte e fornecimento de água potável. A Usina do Maruim, hoje desativada, foi Inaugurada em 1910, destacou-se pelo  abastecimento de energia elétrica ao primeiro sistema de iluminação pública de Florianópolis.

Tropeiros vindo de Lages com carga para o litoral.

Segundo o historiador Lupércio Lopes, em 31 de julho de 1793, o então governador, coronel João Alberto de Miranda Ribeiro, enviou  Ofício nº 7 ao Conde Resende, Vice-rei do Brasil, considerado a “Certidão de Nascimento” de Palhoça. Caetano Silveira de Matos, estabeleceu um pequeno entreposto comercial, às margens do Rio Imarohy, onde construiu o “famoso estabelecimento” fundando o município de Palhoça. Era preciso iniciar um povoamento para refúgio e guarida aos desterrenses e servir de escudo militar à capital, no caso de novas invasões. Pois, em 1777, os espanhóis já haviam tomado Desterro, a sede do Governo Imperial.

 Acredita-se que o nome Palhoça tivesse origem nesse tempo com a construção das primeiras “casas” construídas de pau a pique, cobertas de palhas, para abrigar canoas de pescadores que passavam temporadas ao sul do desembocamento do rio, hoje, divisa entre Palhoça e São José.

A necessidade de uma ligação entre o litoral e o planalto, levou desbravadores como o alferes Antônio José da Costa, em 1787, munido de 12 homens armados, sete bestas cargueiras, ferramentas e escravos, dar início a uma caminhada, abrindo as primeiras picadas desde as margens do Rio Imaruim até ao planalto.

O primeiro relato sobre a estrada por onde passavam os tropeiros vindos de Lages em direção à Desterro foi feito por Vicente Bacellar, em 1849:  “[...] as tropas que se dirigem à Capital para negócio, e que constão de gado vacum, cavallar, e muar, e onde os tropeiros descarregão alguns gêneros que trazem às costas de mulas, como queijos, doces, couros, etc., e carregão aquelles que tem de levar como fazendas, aguardentes, vinhos, farinha de mandioca, assúcar, café, sal etc”.  (São José da Terra Firme p. 31).

Anos depois começaram a transitar as cargas da então freguesia de São José para a Vila de Lages e vice-versa, as estradas eram apenas picadas de atoleiros ou de chão batido.

A dificuldade de atravessar o trecho de mangue e pantano na região do Patural até o Centro de Palhoça e também a cobrança de pedágio implantado pela Vila de São José, no caminho denominado Passa Vinte, foram os motivos pelos quais os gados destinados à Desterro, rumavam do planalto até o morro do Tomé, na Barra do Aririu. De lá margeavam a praia até a foz do Rio Imaruim, daí seguiam pela estrada geral de São José, em lanchões para Desterro ou Ribeirão da Ilha.

Desde sua fundação até 1882, Palhoça foi sobretudo, produtora de farinha de mandioca e de pescado para subsistência de seus habitantes. O apogeu de desenvolvimento se deu entre 1882 e 1884, devido ao aumento da população de Desterro, propiciando o aumento da produção e venda de alimentos (agricultura e pecuária) e material de construção (de tijolos e telhas).

Antes da construção da primeira ponte sobre o rio Maruim, a estrada era pela barra do rio, passando-se a cavalo, a   pé ou a vau, isto, em maré baixa, com pouca água. (São José da Terra Firme, p.73). Mais tarde foi construído um pontilhão de madeira que não resistiu a um forte temporal, em outubro de 1852. Esta possuía 120 palmos de comprimento (27m) e 12 de largura (2,70m). (São José da Terra Firme p. 32). Na época era utilizado para o transporte de pessoas e tropeiros que desciam da serra com a finalidade de comercializar seus produtos. Nessa época, Palhoça pertenceu a São José, até 1894.

A arquitetura da segunda ponte é  uma obra de arte em arcos. Iniciada em 1857, no governo  de João José Coutinho, e inaugurada em junho de 1858, treze anos após a passagem da comitiva imperial de Dom Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina, conforme o enunciado: ”Na estrada do litoral deu-se princípio a ponte do Maruim de alvenaria e abóboda de tijolos em substituição da de madeira de 340 palmos que estava danificada.[...] A nova ponte tem extensão de 342 palmos e construída sobre 16 arcos de tijolos firmados em pegões de alvenaria, alguns dos quais entraram abaixo do preamar mais de 12 palmos,[...] foram feitas rampas calçadas dos dois lados, norte e sul.[...]Todo esses serviços importaram  a quantia de 11:006$090”

A evolução da Ponte em imagens:

Crédito - Projeto Memória Palhocense e Floripa Antiga

Após 137 anos, alguns arcos da ponte foram arrastados pela grande enchente de 1995, restando apenas a parte pertencente ao município de São José. Segundo alguns moradores durante o período da enchente passaram muitos carros de um lado e do outro quando a defesa civil interditou, ela logo caiu, e não teve vítimas.

Esta ponte foi durante muito tempo, a via de ligação entre a Capital do Estado e o sul do País. Tinha grande importância histórico-cultural, ficando a salvaguardo apenas um pier para recordar sua história.

Uma ponte improvisada de aço foi feita pelo exército até a construção da atual, e segundo comentários, foi feita com recursos de São José.

A Ponte atual sendo construída

A Passagem do Casal Imperial em 1845

O casal Imperial Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina Maria de Bourbon, visitou Caldas do Cubatão em 1845,  a comitiva veio de Desterro para São José, onde desembarcou no trapiche, defronte ao Centro Histórico. Seguiu viagem  passando pelo antigo pontilhão de madeira existente sobre o Rio Imaruim. As estradas foram melhoradas, e cada morador ficou responsável por manter o caminho em frente de sua casa limpo e em condições de trânsito.Consta no relator catarinense N. 1. Cidade do Desterro, 18 de outubro de 1845. p.1,2,3) ”[...] e eis que desveladamente todos se empregam nos preparativos para bem manifestar-se o apreço, e agradecimento à honrosa Visita do Monarcha, e sua Augusta Espoza” O povo da província de SC se deslocavam para dar Vivas a SS.MM. II, “[...] pessoas de todas as classes que disputavam a honra, e o prazer de ver os seus Soberanos de tão perto, eram saudados por não interrompidos Vivas”. Passaram pela sede de Palhoça, na época pertencente à São José. O cortejo chegou rapidamente ao Arraial de Santana(Santo Amaro), ou seja, em apenas três horas (das 11:00 às 14:00). Dom Pedro e a Imperatriz Dona Teresa Cristina foram escoltados por 40 cavalos da 3ª Legião da Guarda Nacional, além de autoridades da Província de SC.

Em homenagem aos Imperadores, foram plantadas 7 figueiras, entre o Estreito e Caldas, uma delas foi  na estrada do Patural, junto a ponte do riacho da Ponte de Imaruim. Caldas do Cubatão foi rebatizada como Caldas da Imperatriz, depois Santo Amaro da Imperatriz.

 

A Ponte de Imaruim: Da  Pré-História aos Dias Atuais

Os primeiros povoados apresentam traços de ocupação na região da Ponte de Imaruim, há mais de 3.000 anos. Na pré-história,  viveram os homens do sambaqui ou concheiros, se alimentavam da caça e coleta de frutas e raízes. Segundo (Farias, 2004, p.65) o sambaqui da Ponte de Imaruim localiza-se em terrenos de Erich Westfal, mede 40x30x0.60. Nele foi encontrado restos de dois sepultamentos e vestígios em ocre vermelho, berbigão, ostras, phaceides pactnatus, etc. Por falta de esclarecimento, os curiosos  mexem nos sítios arqueológicos, descaracterizando-os.

Todo o litoral palhocense, inclusive a Ponte de Imaruim, foi ocupada por índios tupi-guaranis. A partir do século XVIII chegaram os imigrantes açorianos e mais tarde outras raças e etnias, especialmente alemães e italianos, trazendo grande diversidade cultural.

A ocupação em tempos remotos era dispersa, não produzindo mudanças profundas na estrutura socioeconômica até início da década de 1960. A partir dessa data produziu-se grande quantidade de alimentos, cujo excedente era comercializado em Desterro, ou em sistema de trocas por produtos industrializados. A Ponte de Imaruim possuía área propícia para agricultura de subsistência e à pesca. 

 

A evolução econômica da Ponte de Imaruim interagiu com a do município, participando da intensa urbanização descontrolada iniciada no final da década de 1980.

É um dos bairros que mais cresce na região, porém, faltam investimentos dos órgãos públicos para acompanhar seu desenvolvimento. São problemas comuns a todos os bairros, com déficit em infraestrutura, saneamento básico, saúde, educação, calçadas, segurança, iluminação, etc.

Também enquadra-se na categoria das regiões que apresentam desequilíbio social, fruto da forte migração interna. Em 13 de fevereiro de 2004, foi denominado bairro urbano pelo projeto de lei de organização territorial do município de Palhoça. Possuía aproximadamente doze mil habitantes pelo censo de 2010, sobressaindo a população jovem. A estimativa atual é de que a polpulação tenha triplicado no  bairro.

A Avenida Aniceto Zacchi, a Rua João Born e Avenida Elza Lucchi, são as principais vias de acesso do bairro ao centro Histórico de Palhoça e tem grande fluxo de veículos, devido fácil acesso à BR 101 e a outros bairros. Em 2012 foi implantada uma Estação de terminal de ônibus, que abriga as linhas da JOTUR, empresa de transporte público urbano.

 

Na extensão em direção à sede possui importante reserva de manguesais. O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública (ACP) em 2016, questionando a ocupação urbana irregular nessa área. Objetivo é “fazer cessar ocupação danosa” em ambiente de restinga, manguezal, mata ciliar, curso d’água e faixa de praia. A ação destaca “O Ministério Público Federal juntou vários documentos técnicos comprovando a ocupação irregular das áreas de preservação permanente no bairro da Ponte do Imaruim, que vem ocorrendo há muitos anos de forma irregular e precária”, O juiz federal Marcelo Krás Borges acatou decisão do MPF, portanto “O município não pode expedir novos alvarás de construção nesta área e tem que tomar uma série de providências”.

A rede de ensino estadual apresenta o Colégio Irmã Maria Tereza, Escola Básica Henrique Estefano Koerich, Escola Básica Pedro Ivo Campos, Escola do SESC, Colégio Energia, Centro Educacional São Judas Tadeu. O Ensino superior se destaca com a Faculdade FADESC e a Faculdade Municipal de Palhoça, onde estão localizadas a Biblioteca Pública e a Academia de Letras de Palhoça. Entre outras entidades educacionais, o bairro possui a Ginásio de Esportes Nazareno Cândido, o Parque Esportivo com quadra poliesportiva e escolinhas para a comunidade, nas modalidades de futebol de salão, vôlei, patinação artística e basquete.

O Centro Comunitário do bairro é atuante incrementando o comércio que é forte bem diversificado. Os principais bancos são: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, BMG

As crenças são bem diversificadas, muitas religiões estão no bairro entre elas a católica representada pela Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, fundada em 1983, abrange as comunidades da matriz, Jardim Eldorado, Brejaru, Frei Damião, Jardim Eucalipto e João Paulo II. Também estão presentes a Igreja Evangélica da Confissão Luterana, Universal do Reino de Deus, Batista Palavra Viva, Adventista do Sétimo Dia, Mais Cristo, Testemunhas de Jeová, Associação Espírita entre outras.

Na área da saúde possui a Unidade de Atenção Básica de Saúde- Ponte de Imaruim, CEAP-  Centro Especializado de Aconselhamento e Prevenção de Doenças Infecto Contagiosas, oferecendo tratamento para DST/AIDS, Pré-natal, Fisioterapia, Saúde da Família, Clínico Geral, Controle de Tabagismo.

 

Curiosidades

Palhoça foi fundada por Caetano Silveira de Matos em 31 de julho de 1793;

Palhoça pertenceu a Desterro até 1833;

Palhoça pertenceu a São José de 1884 a 1894;

Palhoça foi emancipada de São José em 24 de abril de 1894, possuindo 3.180 Km2. O fracionamento do território palhocense iniciou em 1922, atualmente possui 325,5 km2.;

A Passagem da Família Imperial por Palhoça foi em 1845;

Em 1881, Palhoça teve epidemia de Varíola que dizimou parte de seu povoado.

 

Fontes pesquisadas:

Alves, Joi Cletson. Núcleo de Estudos Açorianos

AN Capital, 2002

Caldas da Imperatriz, 170 anos de História –José Carlos Petri

Claudir Silveira, 1980

José Lupércio Lopes Monografia do Município de Palhoça, 1919

O relator catarinense N. 1. Cidade do Desterro, 18 de outubro de 1845. p.1,2,3.

Vilson Fco de Farias-Palhoça, Natureza, História e Cultura

http://www.palhocense.com.br/

https://www.omelhordobairro.com/palhoca-pontedoimaruim

https://www.facebook.com/floripaantiga/posts/2021771241178367

https://www.facebook.com/pg/PontedoImaruimPH/photos/?ref=page_internal

Fotos:https://www.facebook.com/JoaoJornalPalhocense-ProjetoMemóriaPalhocense

Fotos antigas da grande Florianópolis-Facebook

Login

Esqueci minha senha