Publicidade

Anita Garibaldi - ´Heroína dos dois Mundos´ 1821-1849

"Heroína dos Dois Mundos", Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi foi uma revolucionária na Revolução Farroupilha e no processo de unificação da Itália, junto com italiano Giuseppe Garibaldi.

Anita, nasceu em 30 de agosto de 1821, na localidade de Morrinhos, Laguna/ SC. Filha de descendentes portugueses, seu pai chama-se Bento Ribeiro da Silva, a mãe Maria Antônia de Jesus. Anita era a terceira de 10 filhos (6 meninas e 4 meninos). Morava numa casa que ainda permance de pé no centro da cidade de Laguna. Era uma menina diferente das outras, gostava de aventuras, animais, cavalos, mar e se interessava por política..Quando adolescente provou ser uma mulher a frente de seu tempo ao denunciar na delegacia um suposto abuso sexual que sofreu em 1834, por um tropeiro na praia onde morava.

Foto: Memorial Anita Garibaldi em Morrinhos –Laguna SC- onde nasceu Anita

Primeiro casamento de Anita

Quando seu pai faleceu precisava ajudar no sustento da casa, para satisfazer o desejo da mãe, casou-se em 30 de agosto de 1835, aos 14 anos de idade, época em que os casamentos eram ‘arranjados’ pelos pais. Aninha, ainda muito jovem, contraía matrimônio pela primeira vez com o sapateiro Manoel Duarte de Aguiar, conhecido por Manoel dos cachorros de Laguna. O efêmero casamento com Manuel durou três anos. Convicto conservador alistou-se e acompanhou as tropas imperiais no combate do Morro dos Cavalos e Massiambu, Palhoça Diferente de Manuel a família de Anita era simpatizante dos ideais republicanos.

Foto: Museu Casa de Anita

Foto: Interior da casa de Anita em Laguna


A República de Piratini- RS

Uma tentativa de separar o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, do comando do império iniciava a Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, movimento comandado por Bento Gonçalves e ligado aos latifundiários escravistas e separatistas que lutavam pelo fim do Império brasileiro. A revolta foi chamada de Farroupilha e proclamou a República de Piratini no RS. Foi sob essa bandeira que Garibaldi deixou o Rio Janeiro para se tornar um farrapo.

A missão a Garibaldi: atacar Laguna

Uma missão quase impossível, com 12 homens, um barco, e alguns fuzis à sua disposição, Garibaldi, se une às tropas de Davi Canabarro e conquista a cidade de Laguna em 20 de julho de 1839. Alguns companheiros morrem num naufrágio, entretanto, Garibaldi e outros salvam-se a nado até à praia.

Em 22 de julho de 1839, O revolucionário italiano Garibaldi, David Canabarro, Teixeira Nunes e soldados farroupilhas avançam vencem os combates navais usando o barco “Seival” e conquistam a Vila de Laguna, declarando a República Catarinense livre e independente.


Foto: Barco “Seival” em Laguna em 1839

A República Juliana em SC

Laguna, fundada oficialmente em 1676, a cidade teve participação importante na Revolução Farroupilha e ficou marcada na história, depois que a cidade foi tomada e declarada Republica Juliana, ou Republica Catharinense. Durou apenas quatro meses de 29 de julho a 25 de novembro de 1839
No dia 29 de julho de 1839 - A Câmara de Vereadores de Laguna, presidida por Vicente Francisco de Oliveira, proclama a República Catarinense ou República. O coronel Joaquim Xavier das Neves da freguesia de São José havia sido eleito, mas não quis assumir o cargo. Nomeado então no mesmo ato um Governo Provisório, presidido pelo influente padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro da Freguesia da Enseada de Brito.

Foto: Centenário da fundação da República Catharinense. ou Juliana

O Museu localizado na praça República Juliana, o Museu Anita Garibaldi tem como acervo diversos objetos como canhões, armas, móveis, santos, documentos, artesanatos indígenas, entre outros, bem poucos objetos são de Anita. Destaque para a sala onde funcionava a câmara de vereadores, que foi o lugar onde foi fundada a “República Catharinense Livre e Independente”, a Republica Juliana.


Foto: Sala da Proclamação da República Juliana sec.XIX



Semanas depois de ter conquistado Laguna, SC, junto com os Republicanos, Garibaldi ainda abalado e solitário pela morte dos companheiros no naufrágio de 1839. Garibaldi declara a necessidade de uma companheira em“Memórias”.

[...] “Não via mais os amigos, os que quase preenchiam a ausência de minha pátria, eu tinha necessidade de alguém que me amasse sem demora; eu precisava de uma mulher, para ser o único refúgio, o único anjo consolador, a estrela na tempestade. Uma mulher, a divindade que não se implora debalde, quando se a suplica com amor, sobretudo no infortúnio” E logo, com a ajuda da luneta que tinha habitualmente a mão, “olhei ao acaso umas casas da barra e descobri uma jovem, era Anita, a mãe dos meus filhos, a companheira da minha vida nos bons e nos maus momentos. Olhamo-nos reciprocamente como duas pessoas que não estão se vendo pela primeira vez...”

A mulher que avistara pela luneta lhe chamou atenção. O autor Wolfgang refere que Garibaldi remou em um barco até a praia, à procura da jovem que avistara, entretanto, a aquela mulher não estava mais ali.

Fez amizade com a liderança política do local, o destino quisera que a encontrasse ao ser convidado para tomar café numa casa da Vila. Chegando lá a pessoa que lhe foi apresentada era a sobrinha, que por coincidência, a jovem avistada pela luneta a quem procurava na praia da barra de Laguna. Em suas “Memórias”, após a morte de Anita, Garibaldi relembra o primeiro encontro: [...] “Um homem que tinha conhecido convidou-me a tomar café em sua casa. Entramos e a primeira pessoa que me apareceu era Anita. A mãe dos meus filhos! A companheira da minha vida, nos bons e nas más horas! A mulher cuja coragem tantas vezes ambiciono! Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse: 'Tu deves ser minha!'. Eu falava pouco o português, e articulei as provocantes palavras em italiano. Contudo fui magnético na minha insolência. Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor”

Paixão à primeira vista, Garibaldi teria encontrado aquela que seria o grande amor de sua vida, uma mulher empoderada para seu tempo. Anita não aceitava ser submetidas às normas da sociedade, o que lhe rendeu muitos comentários maliciosos na Vila em que morava. Com Giuseppe Anita realizou todos os seus sonhos em um grande romance e ação. Viveu intensamente todos os momentos de sua nova vida. Apesar de rotulada perante a sociedade como ‘mulher fora das convenções sociais’, foi o grande amor de Garibaldi, seja como companheira, esposa, mãe; uma verdadeira heroína ao seu lado. Uma mulher que lutou pelos ideais republicanos na guerra e na paz, admirada e respeitada por todos nós.

Foto: Anita e Giuseppe Garibaldi

Anita, sem filho, sem marido, de perfil inquieto, viu a chegada em Laguna dos farrapos dos pampas do Rio Grande do Sul, sob aplausos. Seria somente mais um capítulo de revoltas históricas, se não fosse o amor fulminante que Giuseppe Garibaldi lançou sobre Anita. Era julho de 1839, Giuseppe Garibaldi aos 32 anos de idade e Anita com apenas 18 anos.

Anita parte de Laguna em 20 de outubro de 1839


Na noite de 20 de outubro de 1839, setenta dias após conhecer o amado, Anita embarca com seu general na escuna canhoneira “Rio Pardo” levando a bordo seus poucos pertences de uso próprio. Em conturbada lua-de-mel participa de vários combates foi aí que Garibaldi começou a conhecer a coragem reveladora de uma mulher valente e determinada, ousada abandonou para sempre a sua terra natal .
Temendo tal superioridade do adversário, Garibaldi decidiu entrar em Imbituba onde foi atacado com artilharia e fuzilaria pesada, proporcionando grandes estragos nas embarcações, feridos e mortos

Imbituba- batismo de fogo de Anita - 4 de novembro de 1839

Garibaldi surpreende-se com a coragem inesperada de Anita, pois ela assumiu o comando no barco, deu o primeiro tiro no Navio Andorinha. Anita acabava de receber seu batismo de fogo, os marinheiros, a maioria acovardados pela artilharia adversária esconderam-se dentro do porão. Anita com espada em punho buscou os para o combate, chamando-os de covardes.

O retorno de Anita e Garibaldi à Laguna

Bravamente, retornam à Laguna onde encontra as forças imperiais militarmente reforçada com esquadrões de cavalaria, dois batalhões um de Desterro e outro da Serra e cerca de dois mil homens. Amanhecia o 15 de novembro, as forças navais republicanas sofriam grande destruição e perdas. Wolfgang relata as palavras de Garibaldi: “O combate foi terrível e mais mortífero do que se podia crer. Não perdemos muita gente porque mais da metade da guarnição estava em terra, entretanto, dos seis oficiais existentes nos três navios eu fui o único que sobreviveu”.

Anita dispara tiro de canhão, expondo-se ao perigo e risco de morte. Em meio ao incessante tiroteio com vítimas fatais atravessa o braço da lagoa Santo Antonio dos Anjos da Laguna por doze vezes. Num barco pequeno carregado de explosivos, armamentos e feridos para terra firme.

Como em um conto de fadas na última travessia levam, finalmente, Garibaldi, Anita e os dois remadores para terra segura sãos e salvos. Para trás ficaram o que restavam das embarcações catarinenses incendiadas cheia de corpos carbonizados. .Garibaldi incendiou inclusive o “Seival”, só que este não queimou totalmente, ao ser abandonado no porto apodreceu e sobre ele nasceu a figueira que está plantada na praça da Igreja Matriz de Laguna.

Foto: Árvore de Anita plantada em 1926. João dos Santos Areão, Salvato Pinho, João Guimarães Cabral, José Arthur Boiteux, Antônio Guimarães Cabral e Ruben Ulysséa.

Foto: Figueira de Anita na Praça de Laguna

A retomada de Laguna pelas forças imperiais era o fim da República Juliana, após três meses da chegada triunfal dos Farrapos em Laguna e da brilhante campanha para libertar o sul do jugo imperial, resta um retorno melancólico.

A intolerância e os maliciosos comentários sobre o desfecho amoroso entre Anita e Garibaldi, A população da Vila muito conservadora, sentiu-se com a dignidade ofendida, diziam: “Era um escândalo fugir com uma mulher casada, uma afronta a toda a Vila, a toda a população! Imperdoável uma coisa dessas, onde é que se viu!.[...]” O Perfil de uma Heroína p. 139 , Anita ressentida, quis sair do lugar para nunca mais voltar. Ao retirar-se de Laguna a empreitada de Garibaldi e Anita agora é no planalto para reconquista da vila de Lages.

Foto: Monumento e Museu Anita Garibaldi- Laguna


A expulsão de Garibaldi e Anita - A fuga para Lages


Expulsos de Laguna são recebidos triunfalmente em Lages onde Anita sentiu-se melhor que na sua Laguna, pois recebera até uma casa de madeira para dormir com seu amado, tendo inclusive assistido a missa do galo na paróquia Nossa Senhora dos Prazeres de Lages em 25 de dezembro de 1839.


A Batalha de Curitibanos


A paz é pouco duradoura para os Farrapos marchando em direção a Rio Grande do Sul são atacados de surpresa pelas forças imperiais nos campos e coxilhas de SC. Em 12 de janeiro de 1840 começa o intenso combate na fazenda Forquilha a 18 km da cidade de Curitibanos. Foram muito mortos, todos sepultados tanto os farroupilhas quanto os imperiais, numa vala comum. O local ficou conhecido como “Capão da Mortandade” Durante esse combate, Anita carregada de munições é surpreendida pelo inimigo, negou a render-se, recebe uma bala que atravessa o chapéu e arranca-lhe uma mecha de cabelo, outra derruba sua montaria .

Anita prisioneira das tropas Imperiais
Rendeu-se e foi levada ao campo como prisioneira”, recebe a notícia de que o marido havia morrido. Foi quando pediu ao comandante Melo de Albuquerque licença para olhar os cadáveres tanto de amigos como inimigos no campo de batalha. Com a concordância,

Anita procurar por Garibaldi em cada corpo estirado no chão, durante horas. Uma velha cruz de madeira rememora no cemitério local os mortos no combate de Curitibanos.


Foto: Capão da Mortandade- onde Anita ficou prisioneira

A fuga magistral de Anita em Curitibanos


Conferindo corpo por corpo não encontrou Garibaldi que já estava longe. Anita, corajosamente, empreendeu fuga espetacular, arrastando-se na mesma noite pelo chão. Faminta e grávida do primeiro filho, embrenha-se na mata sozinha durante oito dias. No caminho furta um cavalo e atravessa o caudaloso rio Canoas, meio nado grudada às crinas do cavalo. Dois dias após já estava novamente em Lages, no caminho pediu pousada para umas solteironas. Percorreu 85 km, entre Curitibanos e Lages, reencontrou Garibaldi no moinho do Rio Caveiras, fora da cidade.

Anita em Viamão- Mostardas RS- nasce o filho Menotti


Anita e Giuseppe viveram um tempo em Viamão, perto de Porto Alegre, RS, depois perto da Lagoa dos Patos, na Paróquia de São Luiz das Mostardas, onde nasceu o primogênito Menotti, em 16 de setembro de 1840. Hospedados na casa da família Costa, saiu Garibaldi para avisar um amigo sobre o nascimento do filho e comprar roupas para o bebê. Em casa Anita foi avisada pela família Costa que estavam vindo as tropas legalistas de Moringue à procura de Garibaldi. Era meia noite, Anita seminua, há apenas 12 dias do parto não hesitou, pegou o cavalo e fugiu a galope com o pequeno Menotti no colo, numa demonstração de heroísmo. A casa onde ela estava foi atacada, mas Anita já havia fugido novamente à galope com o menino num braço e o revólver em punho no outro. Salva a honra, a dignidade, a vida dela própria e do filho. A fuga de Anita de Mostardas com o pequeno Menotti está imortalizada em um monumento em Roma, com o bebê recém-nascido num braço e no outro um fuzil.

Foto: Escultura de Anita em fuga de Mostardas com o filho no colo.


Partida de Anita Garibaldi e Menotti para Montevidéu

Perseguidos pelos imperiais, Garibaldi e Teixeira Nunes pedem dispensa e se retiram, dizendo: “Transfiro-me temporariamente para Montevidéu” . A travessia da Serra das Antas, RS, em 1840, debaixo de chuva e mata virgem, durante 9 dias choveu dia e noite, homens, mulheres e crianças encharcadas passaram privações e fome, quase perderam o pequeno Menotti. Salvo por milagre, acompanhou o pai em quase todas as expedições. . Para saciar a fome dos soldados e da família, abatiam seus próprios cavalos. Em suas Memórias escreveu: “[...] marchava-se com chuva e sem alimento. Eu portava o Menotti com menos de três meses. Suspenso por um lenço no meu colo, de modo que eu podia aquecer ele com minha respiração[...]”Garibaldi, Anita e o filho Menotti, percorrem cinquenta dias até o Uruguai.

Foto: Anita- Garibaldi e Menotti

Os três em Montevidéu


Em Montevidéu, a vida não foi fácil para Anita e a família. Passaram muita miséria e foram acolhidos por um irmão da maçonaria. Para sobreviver, Garibaldi lecionava aulas no instituto Paulo Semidei e no Porto era corretor de cargas de navio. Anita reclamava do escuro por falta de dinheiro para comprar óleo da lamparina. Wolfgang em seu livro descreve o altruísmo de Garibaldi: “O Ministro da Guerra, ao ter conhecimento do fato enviou cem patacões de vela ao Garibaldi, que aceitou somente metade dessa pequena soma, pedindo que o resto fosse entregue a uma viúva por ter maiores necessidades do que ele”.

O casamento de Anita e Garibaldi em Montevidéu


Um ano após a chegada, mesmo sem documento que comprovasse a morte do primeiro marido e a viuvez, Anita Maria de Jesus, casa-se com José Garibaldi em 26 de março de 1842, na paróquia de San Bernardino, hoje demolida. Segundo alguns historiadores o casal foi ajudado pela sociedade maçônica para facilitar o registro cartorial. O casamento durou 10 anos, o relacionamento só fora interrompido por conta da morte da revolucionária. Em Montevidéu, Anita é mãe, esposa e dona de casa, costura para a vizinhança, batiza o filho Domingos Menotti, nascido em1843 em São Luiz das Mostardas, Rio Grande do Sul. E tem mais três filhos: Riccioti, Rosita e Terezita. Seu velho casarão, embora simples, é frequentado por ilustres companheiros de Giuseppe, entusiastas da libertação e companheiros ligados à maçonaria da Itália e francesa ‘Amis de la Patrie’, às quais Giuseppe era associado.

Anita, inteligente, ávida por conhecimentos, Anita aprende outras línguas, aprimora sua cultura geral. Garibaldi foi feito comandante da Marinha no Uruguai e chefia a Legião Italiana formada por compatriotas exilados. Engaja-se na liberdade de Montevidéu contra o ditador argentino, Juan Manuel José Domingo Ortiz de Rosas, em 1843.

O velho casarão, primeiro lar de Anita, hoje é um museu, na Rua 25 de maio. Encontra-se na fachada do museu uma placa comemorativa com os dizeres: “Nesta casa viveu José Garibaldi na época da defesa de Montevidéu” .

Foto: Monumento - Anita com filho Menotti em Gianicolo-Roma

Giuseppe Garibaldi nunca havia esquecido a terra natal, nem as lutas que ali aconteciam.


Impulsionados pelas reformas liberais e anistia aos políticos outorgada pelo Papa Pio IX, Garibaldi e seus homens animam o desejo de voltar à terra natal. A família de Anita vai na frente, em dezembro de 1847. Embarcam Anita e os três filhos num navio para Gênova para testar como ele seria recebido na Itália. . Ao desembarcar, após dois meses de viagem, Anita recebe uma bandeira tricolor em sinal de homenagem. Em 1848 segue Garibaldi de Montevidéu para Itália. O autor de O Perfil de uma Heroína Brasileira Publicou uma carta que Anita escreveu para o benfeitor dos exilados, ao chegar na Itália: “[...] Tenho sido festejada pelo povo Genovês de modo extraordinário. Mais de três mil pessoas vieram gritar em frente à casa “Viva Garibaldi! Viva a família de nosso Garibaldi!”[...] O senhor não imagina como Garibaldi é amado e desejado em toda a Itália e principalmente aqui em Gênova [...]


Foto: Monumento na Praça Anita Garibaldi – Gianicolo-Roma- Itália

Anita vai morar em Nice com a sogra


Anita vai morar com a mãe de Garibaldi, Giuseppe parte de Montevidéu com seus companheiros da Legião Itália em 15 de abril de 1848, no navio “Esperança”, levando junto a pequena urna de chumbo com os restos mortais de Rosita para depositar no túmulo da Colina do Castelo, em Nizza. , cidade natal de Giuseppe Garidaldi. três meses depois, os jornais anunciam a chegada triunfal de Giuseppe Garibaldi a Nice, em 21 de junho de 1848, após quatorze anos afastado. Traz junto a urna com restos mortais de Rosita

Rosita sepultada em Montevidéu- depois em Nice-Itália


Em Nice, Anita passa o primeiro ano dedicada a casa e filhos. Espera pacientemente o marido ausente. Tem crises de ciúmes e preocupações que lhe provocam insônias. Em 21 de junho, sob os muros de Roma, Garibaldi despacha a última carta para Anita, onde relata: “Minha cara Anita: Eu sei que estivestes e talvez ainda estejas doente. Desejo ver tua caligrafia e a de minha mãe para tranquilizar-me[..]. Nós combatemos sobre o Gianícolo e este povo é digno de sua passada grandeza. Aqui eles vivem, morrem e suportam amputações ao grito de “Viva a República”! Uma hora de nossa vida em Roma vale um século de existência comum! Feliz minha mãe de haver-me gerado numa época tão bela para a Itália![...] Procure ficar boa em breve. Beije mamãe e as crianças por mim... Ame-me muito teu Garibaldi” Ao receber essa carta de Garibaldi, Anita não aceita ficar em casa e vai ao encontro do marido para lutar ao seu lado contra os austríacos e franceses.


Foto: Anita soldado na Itália

Anita Garibaldi, veste-se de soldado, participa conduzindo colunas em marcha, organiza enfermaria para cuidar dos feridos e também luta nos combates. Admiradora de José Garibaldi onde quer que ele estivesse, se fosse marinheiro, estaria ela a bordo; se fosse guerrilheiro continuaria a seu lado. Como mãe era dedicada e na Itália continuou na luta pela liberdade e ao lado de seu amado, consagrando-se a respeitada “Heroína de dois Mundos”

Anita chega ao Quartel General de Garibaldi, à Villa Spada, em Roma. Surpreso com a chegada inesperada, Garibaldi a apresenta aos oficiais: “eis a minha Anita; temos um soldado a mais.!” Prepara-se para participar da grande marcha de Roma. Nenhum católico acreditava na possiblidade de separação dos poderes da Igreja em relação ao estado; de conciliar a liberdade republicana com a autoridade papal.

Em 9 de fevereiro de 1849, Anita e Garibaldi participam da Batalha de Gianicolo e da Proclamação da República de Roma., mas as tropas de Garibaldi são contra-atacadas por tropas franco-austríaca, obrigando-os a retirar-se da cidade. Anita grávida e doente se recusa abandonar o marido e segue com ele. São perseguidos pelo exército austríaco, Garibaldi usa de habilidade técnica militar para fugir da cidade com seus soldados e Anita grávida do quinto filho.

Foto: Garibaldi e Anita buscam refúgio na República San Marino

O estado de saúde de Anita piora ao chegar na República de San Marino, onde hospedam. A embaixada norte-americana oferece um salvo-conduto para tirá-los do risco de prisão. Anita e Giuseppe não aceitam por acreditarem que uma atitude de “rendição” poderia impactar negativamente o processo de unificação da Itália.

Os revolucionários empreendem fuga espetacular por quase 550km em terrenos acidentados dos Alpes, Pirineus e República de San Marino e em barcos de pesca, os quais a maior parte caiu em poder dos Austríacos.

A morte de Anita

Durante a viagem, Anita é acometida de intensa febre, piora o quadro de saúde e teve que ser carregada. Garibaldi chega à fazenda Gucciolli, propriedade rural na Itália. Em suas Memórias escreve: “Ao colocar a minha mulher sobre a cama me pareceu descobrir em seu rosto a fisionomia da morte. Tomei seu pulso, não batia mais. Diante de mim estava o cadáver daquela que tanto amava, que me acompanhava na maior parte dos perigosos momentos da minha vida, a mãe dos meus filhos, aquela por quem me apaixonei à primeira vista”. Anita falece em 4 de agosto de 1849, aos 24 anos de idade, em Mandriolli, perto de Ravena. Garibaldi teve que continuar fugindo, nem pode enterrar a companheira.

Foto: Giuseppe Garibaldi carrega Anita desfalecida- 1849 - Quadro: Autor desconhecido

Durante seis dias o corpo de Anita ficou numa cova rasa, quando descoberta pelos adversários foi amarrada com uma corda no pescoço e puxada deixando marca no cadáver.

Garibaldi saiu outra vez para o exílio e nos dez anos em que esteve fora da Itália, os restos mortais de Anita foram exumados por sete vezes, quatro por motivação política. A pedido do marido, seu corpo foi transferido a Nice.

Em 2 de junho de 1932, o Governo italiano patrocinou e promoveu um gigantesco traslado, transformado o evento em um dos maiores atos cívicos da história da Jovem Itália. Seu túmulo encontra-se na Colina de Gianícolo, centro de Roma, próximo da estátua que representa a fuga com o bebê.

Lá descansam os restos mortais de Ana Maria de Jesus Ribeiro, Anita Garibaldi, a heroína dos dois mundos , símbolo da luta pela unificação da Itália no topo do monte mais alto de Roma.

Foto: Monumento túmulo de Anita ao lado de Giuseppe Garibaldi, no topo do Monte Gianicolo em Roma

O legado de Anita: Nome de avenidas, ruas, escolas; Bustos, estátuas e esculturas aparecem em praças, parques, jardins e fachadas de prédios apresentando a figura da Heroína catarinense.

Em sua memória existem vários monumentos no Brasil, no exterior e principalmente na Itália. Pela garra e determinação Anita deixou sua marca na história como um exemplo para todos homens e mulheres. Foi heroína porque lutou por um ideal, pela liberdade do povo. Junto ao marido deu a própria vida pela liberdade dos povos. Lutou na Revolução Farroupilha em Rio Grande do Sul, Santa Catarina, No Uruguai e no processo de Unificação da Itália. Por esse motivo, conhecida como a "Heroína dos Dois Mundos” Em Montevidéu em 1845, o artista italiano Gallino pintou Anita, descrita por um morador de Laguna que a conheceu: Uma mulher alta meio corpulenta, rosto grande, olhos grandes ovais, cabelos pretos e abundantes e rosto ligeiramente sardento.

Considerada no Brasil e na Itália exemplo de dedicação e coragem Anita Garibaldi nomeia avenidas, ruas e escolas por todo o Brasil.

Foto: Busto de Anita Garibaldi Parque Municipal Belo Horizonte –MG

Em 2015, foi inaugurada a ponte Anita Garibaldi, sobre a Lagoa do Imaruí, ligando a cidade de Laguna ao continente é a primeira ponte estaiada em curva do Brasil.

Foto: Ponte Anita Garibaldi em Laguna



Em abril de 2012 foi sancionada a Lei 12.615 determinando que o nome de Anita fosse inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.

Anita foi homenageada na Escola de Samba Viradouro e levada às telas de cinema em filmes italianos e brasileiro “Anita e Garibaldi”, de Alberto Rondalli, 2013.

Em 1978 a casa onde Anita Garibaldi residiu em Laguna, Santa Catarina, foi transformada em museu aberto reunindo o acervo histórico das batalhas e objetos que pertenceram à heroína.

A casa onde Anita morreu em Mandriolli continua igual, porém com o piso desgastado por tantos visitantes. O fazendeiro dono da casa não utiliza o quarto de Anita, é exclusivo para visitação pública.

A família de Anita e Garibaldi- Século XIX

A sra. Costanza Samuelli em visita à Laguna. Descendente direta de Anita, suas feições lembram a heroína. Ela é a filha da bisneta de Menotti Garibaldi, primeiro filho do casal revolucionário.

Bicentenário de Anita

A Rosa de Anita é o híbrido-símbolo das comemorações de seu bicentenário. Foi desenvolvida pelo botânico italiano Giulio Pantoli, que morreu em 2018. Ele usou como inspiração a figura de Anita Garibaldi. A Rosa será distribuída em toda Santa Catarina. Mudas estão sendo reproduzidas em laboratório de proteção vegetal do curso de agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). “Estaremos reproduzindo uma flor cujas pétalas representam justamente a sensibilidade feminina e, ao mesmo tempo, curta duração de vida, igual à da heroína. A Unisul participa e fortalece, mais ainda, o seu papel comunitário, para resgatar e valorizar a nossa história”, pontua Mauri Luiz Heerdt, reitor da UNISUL.


Foto: Projeto Internacional “Una Rosa per Anita”

Coordenado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) iniciou a celebração dos 200 anos do nascimento de Anita Garibaldi em parceria com o Instituto Cultural Anita Garibaldi de Laguna. Foi criada a "Comissão Estadual Comemorativa ao Bicentenário de Anita Garibaldi", por meio da Portaria FCC nº 39/2019, com o objetivo de promover e difundir a história da heroína catarinense. Tal comissão é composta por diversos órgãos estaduais, prefeituras e entidades públicas e privadas. O calendário comemorativo dos 200 anos de nascimento de Anita Garibaldi iniciado em 2019 com a visita de uma comitiva de italianos, se estenderá até 2021.


Dra. Annita Garibaldi Jallet - bisneta de Anita em Laguna

A professora. Annita Garibaldi Jallet, bisneta de Anita Garibaldi, seu pai, por sua vez, era filho de Ricciotti, quarto e último herdeiro de Giuseppe e Ana Maria de Jesus Ribeiro.

Sua visita ao Brasil é uma iniciativa do Instituto Cultural Anita Garibaldi (CulturAnita), entidade sediada em Laguna responsável por promover na América do Sul eventos para comemorar o bicentenário da heroína, que foi companheira de Giuseppe Garibaldi, um dos principais nomes da Revolução Farroupilha (1835-1845). A bisneta participa de uma série de eventos em homenagem à sua bisavó, que no ano de 2021 completará 200 anos de nascimento. Realiza visitas por algumas cidades por onde Anita passou entre eles Laguna, Imbituba, Anita Garibaldi, Lages, Curitibanos e Garopaba. Em Lages, a convite do presidente do Instituto Histórico e Geográfico, plantou a ROSA DE ANITA no jardim do Centro Cultural Vidal Ramos. Em Florianópolis, a homenagem aconteceu nos jardins do Palácio Cruz e Sousa, sede do Museu Histórico de Santa Catarina.


Foto: O lançamento oficial do projeto Dois Mundos e uma Rosa para Anita foi na cidade de Imbituba, cidade palco da primeira batalha da Heroína dos Dois Mundos


Foto: A Rosa híbrida desenvolvida na Itália foi plantada pela bisneta na Praça da República de Curitibanos para comemorar o Bicentenário de Anita
Foto: Grazielle Delfino.


Foto: Bisneta de Anita planta Rosa hibrida no Município de Anita Garibaldi/SC


Uma muda da Rosa de Anita foi plantada próximo ao coreto do Jardim do Palácio Cruz e Sousa, onde uma placa sinaliza o local e explica o simbolismo da planta.

Foto: No Palácio Cruz e Souza

Que a força e coragem de Anita sirva de reflexão sobre o papel das mulheres na sociedade. O foco no combate à violência contra a mulher, equidade de direitos e respeito necessita de luta por políticas públicas e ações nas comunidades e escolas.


Escritora –Historiadora: Neusa B Coelho

Referências

Anita Garibaldi; o perfil de uma heroína brasileira. Fpolis, Edeme, 1975. 526p. Rau, Wolfgang Ludwig, 1916.

Anita Garibaldi- Amores e Guerras - documentário

Anita Storia e Mito Di Anita Garibaldi de Silvia Cavicchioli Ed. Einaudi
“Um Italiano Seguindo o Caminho de Garibaldi de Mauro Gavillucci Ed. GavillucciBrasil: Uma História de Eduardo Bueno Ed. Leya

https://www.bing.com/images/search?q=monumento+tumulo+anita+gianicolo&qpvt=monumento+tu ulo+anita+gianicolo&FORM=IGRE

https://biografiaresumida.com.br/anita-garibaldi/
DUMAS, pai, Alexandre (2000). «33». Memórias de Garibaldi. 24/01/2012 1 ed. Porto Alegre: L&PM. 354 páginas. ISBN 85-254-1071-3

https://www.ebiografia.com/anita_garibaldi/

https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/08/anita-garibaldi-30081821-04081849.html

http://www.engeplus.com.br/noticia/geral/2013/descendente-de-anita-garibaldi-visita-laguna
Giuliani, Isidoro (2001). Anita Garibaldi. vita e morte (em italiano) 1 ed. Mandriole: Parrocchia di Mandriole - Ravenna. 96 páginas

https://globoplay.globo.com/v/8325282/

https://www.infoescola.com/biografias/anita-garibaldi/

https://www.laguna.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/96142

https://www.melevaviajar.com.br/laguna-republica-juliana-anita-garibaldi/

https://www.rscportal.com.br/artigo/bisneta-de-anita-garibaldi

https://www.deolhonailha.com.br/florianopolis/noticias/rosa-de-anita-sera-plantada-nos-jardins-do-palacio-cruz-e-sousa-com-a-presenca-da-bisneta-de-anita-e.html

http://portal.iphan.gov.br/sc/galeria/detalhes/305/

https://www.portalsaofrancisco.com.br/biografias/anita-garibaldi

www.prefeituramunicipal de Curitibanos.gov.br

https://c1.staticflickr.com/6/5261/5590073204_5be4182a7f.jpg

http://www.seesp.org.br/site/imprensa/noticias/item/7048-anita-garibaldi-primeira-ponte-estaiada-em-curva-do-pa%C3%ADs.html

https://tumulosfamosos.blogspot.com/2010/03/anita-garibaldi-arte-tumular-357.html
estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/08/anita-garibaldi-30081821-04081849.html

https://www.todamateria.com.br/anita-garibaldi/

http://trecosetrapos.org/weblog/diario-de-bordo-2/

http://valmirguedes.blogspot.com/2013/06/a-arvore-de-anita-esta-morta-so-falta.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Garibaldi

Login

Esqueci minha senha