Fotos do acervo histórico de José Lupércio Lopes, Gedalvo Passos, Claudir Silveira, Manuel Scheimann e Memória Palhocense.
Nos séculos passados, as praças eram apenas utilizadas como decorações em palácios europeus, porém no século XIX, as praças tornaram-se públicas. Além de ponto de encontro e recreação da sociedade, passou a ser área verde da cidade ou do bairro, para embelezar, dar mais vida e aconchego para seus habitantes.
A Pracinha
A primeira Praça de Palhoça foi a Praça XV de Novembro, carinhosamente denominada de ‘Pracinha’, tendo como guardião o Jardim Governador Ivo Silveira.
Na foto de 1928 - A vila da Praça XV de novembro abastecida de energia elétrica e rede de telégrafos. Ai foi construída a primeira capela de Palhoça sob a invocação de Nossa Senhora do Parto, em 1868. Contornando a Pracinha verifica-se o primeiro centro comercial da vila.
Acervo Público da Prefeitura Municipal de Palhoça em 1928
A Praça 7 de Setembro e seu entorno
A Praça 7 de Setembro está localizada no Centro Histórico do município de Palhoça, na cabeceira oeste é cortada pela Avenida Barão do Rio Branco, e na parte leste em direção ao mar, cortada pela Rua José Maria da Luz. Nas laterais localizam-se a rua da Praça 7 e o Calçadão que passou a ser um complemento da praça.
Um longo caminho foi percorrido até os dias atuais. As melhorias da sede tiveram início no tempo do Império, em 1870, com a criação da primeira escola pública. A Sede de Palhoça passou a ter definitivamente autonomia política-administrativa quando o quarteirão passou a ser Distrito Policial em 1872, nomeando-se as primeiras autoridades.
Em 1894, ocorreu a independência de São José, nos seguintes termos: Fica desmembrado da Parochia de São José, o Distrito Policial de Palhoça, para formar uma nova freguesia, sob a invocação de São Bom Jesus de Nazaré. A Praça recebe a denominação “Senhor Bom Jesus de Nazaré” (Manuel p.37e 49), assim ficou durante décadas.
Nos primeiros tempos o largo central era uma grande área encharcada de difícil acesso. Os banhados intactos e extensos manguezais entrelaçados dificultavam a locomoção, haja vista que a região do centro incluindo o vale do Cubatão e Maciambu se constituem na maior área de mangues da América do Sul.
No local onde foi instalada a praça percorria um córrego que alagava todo o entorno em épocas de chuvas ou marés altas, poucas pessoas se aventuravam habitar nesse espaço. A maioria morava nos bairros vizinhos onde haviam áreas mais secas, propícias à agricultura (Ponte do Imaruim, Passa Vinte, Aririú, Guarda do Cubatão e Barra do Aririú).
Praça 7 de Setembro século XIX- início da organização da sede-1904
Foto Manoel Sheimann da Silva
Nos fundos da Praça, em direção ao atual Campo do Guarani Futebol Clube ficava o rio Biguaçu, nele situava-se um dos três trapiches existentes no centro de Palhoça.
Ao longo desse rio, atrás do antigo cinema, até meados do século XX, havia o mercado, o porto de embarque para lanchões, uma banca para comercializar os peixes da região, e um pequeno açougue.
Do porto partiam todas as terças-feiras os lanchões carregados de pessoas e de mercadorias trazidas pelos tropeiros de Lages, Bom Retiro, Rancho Queimado, Rio dos Bugres, Santo Amaro e do interior da freguesia, com destino à Desterro, capital da Província.
Foto de Luiz Roberto Scheidt
Observa-se ainda hoje a existência desses canais, porém apresentam-se sob o formato de valas sujas e poluídas, diferente do passado onde seus habitantes podiam desfrutar de banhos, pescaria e lavação de roupas.
Para melhorar o terreno do largo, em 1905, executou-se a drenagem do Rio Biguaçu e plantou-se eucaliptos para secar o lamaçal existentes no solo.
Acervo de Lupércio Lopes
Depois de seco, o espaço dá origem à Praça 7 de Setembro. A cidade desenvolve-se no entorno circundada por várias construções com diversas finalidades: comércio, escola, Igreja, Prefeitura, Câmara, cinema, clube social, Telefônica e residências de famílias mais abastadas.
O formato e a dimensão arquitetônica da atual Praça 7 de setembro permanece de acordo com o modelo luso-açoriano, isto é, em forma de retângulo, tendo de um lado a igreja e do outro o mar, no caso de Palhoça havia o mangue que levava, através do rio Biguaçu, água para o oceano. É pertinente lembrar que Palhoça destaca-se no cenário nacional com um dos maiores ecosistema costeiro, de transição entre o ambiente terrestre e o marinho da América do Sul.
Não havia o calçamento das ruas, nem rede de esgoto e água encanada. As ruas abauladas foram aterradas com terra salitrada do mangue do Patural. Para isso cobriam os antigos caminhos, daí a existência de curvas desnecessárias. Lupércio Lopes explica que “apesar desse defeito oriundo dos antigos habitantes, as ruas da cidade têm passeio de metro e meio de largura e alguns construídos com gosto e arte”.
A infraestrutura e o embelezamento foram prioridades quando foi sancionada a Lei número 200 de 1912, exigindo melhorias na cidade num prazo de até dois anos. As casas do Centro passam a ter muros, as ruas mesmo sem calçamento ganham contornos com os meios fios e calçadas em frente das casas.
A inauguração da iluminação pública gerada a querosene no perímetro urbano foi em 1905, ano em que ocorreu a dragagem da barra do rio e o porto do Mercado Público, próximo à Praça.
A luz elétrica chegou em 27 de novembro de 1932, na administração do prefeito Olíbio José da Silveira. A festividade contou com júbilo de muitas autoridades contagiando a todos os habitantes. Foram colocados cem postes para iluminação pública da sede, num total de cinco mil velas.
No livro Retalhos do Passado, Gercino Santos descreve que a iluminação elétrica pública era fraca, fornecida por um pequeno gerador existente atrás do Clube 7 de Setembro, na praça. Mais tarde o gerador foi transferido para a Rua coronel Bernadino Machado, no lugar onde foi construído o antigo Fórum de Palhoça, hoje clínica da UNISUL. Outro gerador foi instalado em São Sebastião, somente a partir da década de 50 que a iluminação de Praça começou a melhorar.
O primeiro Rádio chegou em Palhoça em 1931, com muita descarga, a transmissão era em castelhano, pertencia ao dono de uma loja de tecidos, senhor João Namen, morava na esquina da Praça 7 com a Rua José Maria da Luz. Mais tarde, na década de 40, no interior do município, apareceram os rádios a bateria, nesses lugares ainda não havia luz elétrica. (Santos, Gercino p.111).
A Banca de Revistas sempre foi presença marcante na Praça 7 de Setembro, iniciou as atividades na rua do Campo do Guarani na década de 60/70, mudou definitivamente para a Praça e sobrevive por várias gerações.
Após emancipação de São José, a freguesia aos poucos perde suas casas de palha, e vai recebendo descendentes de imigrantes alemães, italianos, portugueses e outras etnias vindos dos arredores da capital da Província de SC. Ao mesmo tempo em que o espaço da sede é ocupado por uma nova arquitetura de estilo luso-açoriano, luso-brasileiro e germânico.
Lupércio Lopes nos conta que “por ocasião da emancipação de Palhoça, em 1894, foi assunto de muitas cogitações, qual seria o melhor local para a instalação do palacete (Prefeitura)”, o prédio foi inaugurado em 1895.
O palacete da administração municipal, levantado ao lado da capela é um dos monumentos mais importantes de Palhoça inaugurado pelo Prefeito Coronel Bernardino Manoel Machado, em 22 de agosto de 1895, onde funcionou a Prefeitura Municipal de Palhoça até 2004, ano em que o Centro Administrativo Municipal se transferiu para o Bairro Pagani.
A primeira sede, inicialmente abrigava os três poderes municipais: a Superintendência (Prefeitura), a Delegacia de Polícia, o Juizado de Paz, a Cadeia Pública, o Conselho Municipal (atual Câmara de Vereadores) e o Tribunal de Júri. A Câmara foi oficialmente criada em 1947, cujo presidente foi Jacob Manoel Knabben. (Marcos Matos p. 65)
Na década de 2000 recebeu a Biblioteca Municipal e o Procom. Hoje, abriga somente a Secretaria da Assistência Social.
O primeiro Clube Social em frente à Praça 7 de Setembro, foi fundado em 1913, chamava-se 1º de Janeiro; em 1918, nominado de Clube 7 de Setembro. Presume-se que recebeu o mesmo nome da praça em homenagem à passagem do Imperador Dom Pedro II e Imperatriz Tereza Cristina com sua comitiva em 1845. Nessa ocasião passaram por Palhoça para visitar as Águas Termais de Santo Amaro do Cubatão, depois, Santo Amaro da Imperatriz.
Inauguração do primeiro Clube Social na Praça-1918
Praça 7 de Setembro inaugurada em 1934
Nas ocasiões especiais era comum as mulheres usarem roupas longas e brancas e os homens chapéus tipo “palheta” e ternos brancos ou pretos e bengalas.
Nesse contexto, em 1934, na gestão do incansável prefeito Reinoldo Rodrigues Alves, o jardim da praça 7 de Setembro foi reurbanizado e inaugurado. Seus canteiros geometricamente alinhados e zelosamente cuidado, sempre floridos, e mais tarde, recebeu a denominação de ‘Dr. Nereu Ramos’, uma homenagem ao então governador. Na década de 70/80 estava sob os olhares e mãos habilidosas e incansáveis do ‘Seu Flor’ e do ‘Seu Neca’ que desenhavam os ciprestes e o jardim enchia os olhos dos admiradores da arte. Suas esculturas, em forma de ilustrações tridimensionais tornavam as plantas contemplativas, hoje nos faz refletir sobre a relação da praça com a natureza e o homem.
A Praça em 1950
Denominada “Rainha do Litoral Catarinense”, outrora o belo jardim da praça 7 de Setembro era visitado e admirado pelos turistas e muito orgulhava aos palhocenses.
No período da Segunda Guerra Mundial, o escritor Gercino Santos, em Retalhos do Passado, nos conta algo que causou espanto na Praça: “foi promovido em Palhoça, uma coleta de ferro velho em favor da Pátria, como incentivo ao patriotismo. Esse ferro velho, oferecido pelo povo, foi depositado em frente ao Jardim Nereu Ramos, na Praça Sete de Setembro. Em 1945, no final da guerra, esse amontoado de ferro velho, onde havia panelas, frigideiras, ferramentas, chapa de fogão, pedaços de cobre, desapareceu. Não sei o que fizerem com ele”, argumenta.
Na década de 30, as casas formavam um conjunto arquitetônico luso-açoriano que permaneceu no entorno da Praça até nos anos 70 e 80, com poucas alterações em sua fachada.
A bucólica Praça 7 de Setembro antes de 1980
Segundo Santos, Gercino, 1979, o entretenimento em Palhoça teve ponto de partida início do século XIX, com o cinema mudo, inaugurado próximo à Praça, na casa do senhor Pedro Egídio Hoffmann, chamado Cine Palhocense, teve triste fim ao incendiar-se e todos saírem correndo.
Na década de vinte, próximo de uma loja de secos e molhados, o segundo cinema foi inaugurado com a tela localizada acima da porta, todos sentavam de frente para a entrada, perdurou até 1937, quando o então prefeito Juliano Luchi construiu no local, um prédio de dois andares com finalidades culturais. Em um andar da edificação abrigou o Clube Recreativo 7 de Setembro, cujas festividades se efetuaram até década de 1970 e no outro, o Teatro Municipal.
Durante a Segunda Guerra Mundial o salão do Clube 7 foi alugado para a instalação do Cine Palace denominado mais tarde de Cine Pax, administrado pelo Sr. Danilo Malagoli até 1971, quando fechou as portas.
O prédio abrigou também a Biblioteca Pública Guilherme Wiethorn Filho criada em 1975, na gestão do Odilio J Souza. O acervo sofreu várias mudanças e hoje encontra-se localizado na Faculdade Municipal de Palhoça, Ponte de Imaruim.
Primeira edificação em 1937
Por falta de manutenção a edificação sucumbiu em meados de 1980, deixando vestígio cultural e entretenimento aos frequentadores da Praça 7 de Setembro.
Hoje, no local está o Banco Itaú, e o Clube 7 de Setembro, construído em 1972, na Rua Coronel Bernadino Machado, repaginado em 2002 recebeu uma área comercial com várias lojas no térreo.
A abertura de outro cinema em 1967, o Cine Scharf, com uma estrutura sofisticada para a época, atraia muitos telespectadores, exibiu filmes até 1981. Palhoça passou longo período sem as telas de entretenimento até a inauguração do Cinema do Shoping Via Catarina, no bairro Pagani, em 2010.
As estruturas do antigo prédio do Cine Scharf já acomodou o Supermercado Soberana, Audi, Riachuelo, Caixa Econômica Federal, Lojas Colombo e hoje funciona o Supermercado Imperatriz. Na frente da escadaria era a parada de ônibus da Praça, transferido para frente do Mercado Público nos anos 2000, aproximadamente.
Na Praça, havia o sobrado do Sr. Guilherme Scharf (Lili) em cima era moradia, embaixo, ponto de encontro dos moradores, posteriormente Bar do Seu Didico e Bar do Seu Paulino.
O sobrado do Sr. Guilherme Scharf
Para atender a demanda de carros no Centro, as dimensões da Praça sofreram a primeira alteração, na gestão do prefeito João Silveira, década de 1960. As cabeceiras foram recuadas para dar espaço ao estacionamento de veículos, época em que foi instalado o busto de bronze do ex-governador, ilustre palhocense Ivo Silveira, o primeiro prefeito eleito de Palhoça, em 1946.
A segunda alteração da Praça veio após grande enchente na região central. A administração do prefeito Paulo Vidal (1989-1992) fez a elevação de suas cabeceiras, uma tentativa de diminuir a invasão das águas das chuvas nos canteiros. Na mesma gestão acrescentou-se bancos e mesas para os jogadores de dominó.
Em 1999, a praça recebeu o Quadrante Solar ou Relógio do Sol, projeto de Félix Carbajal, sendo prefeito, Paulino Schimdt.
O Relógio do Sol- 1999
A segunda gestão de Paulo Vidal (2001-2004) deu novo visual às ruas centrais, tampando os tradicionais paralelepípedos com uma camada de asfalto.
Antes e depois do asfalto
Palhoça que até os anos 80 era considerada cidade dormitório, desperta no século XXI para uma das cidades mais dinâmicas de Santa Catarina e do Brasil, com alta taxa de ocupação do solo e seus megaprojetos habitacionais e comerciais. Sua representatividade econômica vai emoldurando um novo cenário político tanto a nível municipal, quanto estadual, desempenhando papel importante nas decisões políticas regionais.
Em consequência do rápido desenvolvimento e o progresso, o ar interiorano da cidade pacata foi se perdendo, sua paisagem bucólica transformou o cotidiano da sociedade palhocense. As antigas casas cederam espaço para especulação imobiliária que desponta em prédios verticalizados da arquitetura urbana, agora habitados por novos moradores e famílias tradicionais da pacata Palhoça. O comércio e prestação de serviços também se encontram nas alturas das grandes torres recém construídas.
Início da verticalização, final década de 1990 - Primeiro Prédio alto da Praça de Palhoça, o Centro Comercial Thiago
Os Eventos em torno da Praça
Os eventos iniciam, segundo a tradição açoriana, em torno de uma igreja e na praça. Gercino Santos, p.119, esclarece que a construção da igreja matriz iniciou-se final de 1868 e em 4 de setembro de 1884, os moradores do Arraial Senhor Bom Jesus de Nazaré inauguraram a capela no largo que mais tarde seria a Matriz de Palhoça, justamente onde se encontra ereta ao lado direito do palacete do Governo Municipal. A primeira missa foi rezada somente em 1885, ficando sem padre por longos anos. Os fiéis da freguesia eram atendidos pelo pároco da Paróquia de São José.
Em 1942 parte dessa igreja foi demolida e reconstruída em 1943, acrescentando-se mais uma torre
Capela sem as torres e sem vigário
Capela com uma torre de 1910
A antiga Matriz Senhor Bom Jesus de Nazaré deu lugar para outra construção mais moderna e ampla, alterando a paisagem da Praça. Em 22 de maio de 1984, foi realizada sua última missa pelos Padres Alvino Milani e Osvaldo Prim.
Pintura do artista plástico Nairo
Matriz demolida em 1984
A nova Matriz projetada pelo arquiteto Wolfgang Ludwig Rau foi inaugurada em 6 de agosto de 1989, dia do Padroeiro Senhor Bom Jesus de Nazaré.
Nova Paróquia inaugurada em 1989
O ponto de convergência do povo é na praça, seja por sua beleza, pelas manifestações culturais, religiosas, cívicas e sociais, entretanto, com o passar do tempo esse palco de socialização sofre ajustes e transformações.
A tradição trazida pelos colonizadores portugueses de se reunir em torno da Santa Cruz para rezar e fazer as cerimônias e procissões se perpetuou na Praça 7 de Setembro onde as tradicionais festas religiosas reuniam grande concentração de fieis. A viagem deles até na igreja era feita inicialmente a pé, carro de molas, carroças, cavalos.
Com a inauguração em 1976 do Ginásio de Esportes Senhor Bom Jesus de Nazaré (Palhoção), parte das festividades foram transferidas para esse novo espaço, localizado atrás da Igreja Matriz. Porém, a procissão do Nosso Senhor dos Passos, o cortejo do Divino Espírito Santo e os tradicionais tapetes na celebração de Corpus Christi ainda são realizadas ao longo da Praça.
Tradição Católica
Manifestação Cívica na Praça – Desfile 7 setembro em 1972 e 1975
O calendário de atividades na Praça foi incrementado com outros eventos, todos atraem grande público para contemplar a magia da Praça, cita-se Stammtisch fest, festa junina de faculdades, eventos culturais escolares, exposição de livros, contação de história, apresentação de peças de teatro, judô, e artistas de rua, feira da economia solidária, o parque infantil, a decoração de Páscoa e Natal.
No processo de modernização, a Praça 7 de setembro recebeu novos bancos e mesas para torneio e jogos de dominó, incrementados com coberturas. Banheiros públicos e um pequeno lago com peixes para observação foram incluídos; o antigo ponto de táxi deu lugar ao calçadão.
A rua lateral recebeu cobertura fixa em acrílico vermelho para eventos, o que gerou uma série de reclamações dos moradores, sendo retirada em 2018.
O lago e o chafariz foram aterrados recentemente, e os banheiros sofrem com o vandalismo, não atendendo às necessidades dos usuários da Praça.
A produção do megaevento ‘Natal Reluz’ marcou história na década de 2000, chegou ao fim, deixando a praça sem o brilho dos carros alegóricos e a magia do natal que atraía grande público durante esse grandioso evento.
O Desfile Cívico do Sete de Setembro foi transferido para a Avenida Elza Lucchi, no bairro Ponte de Imaruim.
A estrutura abaixo permaneceu intacta sob várias administrações, dizem os mais experientes que o artefato de alvenaria é um instrumento que indica a altura do nível do mar, em relação à Praça.
Em respeito à memória afetiva dos palhocenses, busca-se preservar a identidade cultural da cidade. Silveira (2005) já se preocupava com esse patrimônio e alertava: “Ultimamente a Praça 7 tem estado muito maltratada. Os canteiros de flores que outrora a enfeitavam e eram orgulho dos cidadãos deram lugar às arvores mal podadas. Tem andado também muito mal frequentada. As crianças, os casais, os amigos, as famílias se afastaram, alguns eventos sociais foram transferidos para outros locais ”.
Sabe-se que o progresso acelerado passa por cima da História local, mas é necessário preservar a memória de um lugar para a construção da sociedade.
Em defesa das características tradicionais e valores da Praça 7 de Setembro, seria oportuno criar um projeto para o tombamento da Praça, esse Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Palhoça, integrado ao prédio da antiga Prefeitura rememora a arquitetura luso-açoriana no Centro Histórico e para contar toda essa História, defende-se a necessidade de termos um Museu em Palhoça.
Neusa Bernado Coelho - Escritora, Historiadora
REFERÊNCIAS
FARIAS, Vilson Francisco de. Palhoça – Natureza, História e Cultura. Florianópolis: Fapeu, 2004.
LOPES, José Lupércio. Monografia do Município de Palhoça. Cysne: Florianópolis, 1919.
MACEDO, S. S.; ROBBA, F. Praças brasileiras. São Paulo: Edusp, 2002.
SANTOS, Gercino José dos. Retalhos do Passado, 1979 Ed. Jornal Missão Jovem.
SILVA, José João da, Memória Palhocense. A trajetória de uma cidade secular traduzida em imagens, 2019
SILVEIRA, Claudir. Palhoça. Edição do Autor: Palhoça, 1980.
ZACCHI, Giancarlo Philippe. Retratos de Palhoça. Edição do Autor. Florianópolis, 1991.
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/santacatarina/palhoca.pdf
Arquivos do IBGE, disponível em: https://www.ibge.gov.br/, acesso em 30/11/2018.
Jornal Palhocense, Disponível em : https://www.facebook.com/pg/JoaoJornalPalhocense/photos/?ref=page_internal, acesso em 03/12/2018.
Portal Palhoça, disponível em https://palhoca.atende.net, acesso em 20/11/2019
http://www.palhocense.com.br/noticias/o-surgimento-do-centro-de-palhoca
http://www.palhocanews.com.br/2013/07/historia-de-palhoca.html
https://www.bing.com/search?q=prefeitura+de+palho%c3%a7a+sc&FORM=SBRS01