(Por Neusa Bernado Coelho)
Estamos vivendo uma pandemia onde superação é a palavra mágica para enfrentar o isolamento social tão necessário na rotina dos idosos, principalmente daqueles que possuem comorbidades. Nesse contexto, Maria da Rosa Bernado, minha mãe, carinhosamente chamada de dona Maria do Bar, faz 81 aninhos de idade. Os avós, imigrantes italianos, chegaram ao sul de SC no final do século XIX, estabeleceram-se em Urussanga Baixa, depois nas redondezas. A longa história de vida de Maria da Rosa inicia em Tubarão, aos 07 de junho de 1940, quando Joana Soratto Titon, sua mãe, deu à luz à última filha dos onze herdeiros gerados no século passado. As condições de vida do lugar não satisfaziam as necessidades da família, nesse afã, Maria mudou-se com os pais para Palhoça em 1953, mais precisamente na Praia de Fora, onde já morava a irmã Lídia. Foi aí que conheceu, ainda muito jovem, o seu futuro esposo, Ary José Bernado, nascido em 20 de janeiro de 1935 na Barra do Cubatão, trecho entre Furadinho e o rio Cubatão.
Casaram-se em janeiro de 1957, na Praia de Fora, dessa união nasceram sete filhos: Neusa Bernado Coelho, Lucimara Bernado Teixeira, Marinês Bernado, Édson Ari Bernado(Tatuíra), Rita de Cássia Bernado, José Antônio Bernado, e Márcio Bernado. Para dona Maria os muitos amigos, da nova e antiga Palhoça, integram sua família que continua crescendo com a chegada dos genros, noras, netos, bisnetos, agora são 12 netos e 5 bisnetos, dois nasceram durante a pandemia.
A FAMÍLIA DA DONA MARIA DO BAR E DO SR. ARY BERNADO (IN MEMORIAM)
Em cima da esquerda para direita: José Antônio Bernado(Zeca), Neusa Maria Bernado Coelho, Lucimara Maria Bernado Teixeira, Rita de Cássia Bernado Martins, Marinês Bernado, Embaixo da esquerda para direita: Márcio Bernado(Marcinho do Bar), Mãe: Maria da Rosa Bernado(Dona Maria do Bar) Pai: Ary José Bernado(In memoriam) e Edson Ari Bernado(Tatuíra).
Uma Guinada Empreendedora- da Praia de Fora à Praça de Palhoça
Na Praia de Fora os filhos foram crescendo, a dificuldade era grande, sem água, luz elétrica, estradas e transportes precários, desafios para uma família numerosa, cada vez maiores. Na década de 1960, o casal estabeleceu um pequeno comércio chamado “Casa Serra Verde”, aos pés do Cambirela. A rotina do “secos e molhados” era administrado pela matriarca, enquanto o pai trabalhava de maquinista no DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem), nivelando a estrada de barro na região sul do município.
Os poucos recursos educacionais oferecidos no bairro não condiziam com as necessidades da família e foi um dos motivos que impulsionaram o casal, em fevereiro de 1971, a tomar uma atitude no mínimo corajosa e visionária: Vender tudo e se transferir com os filhos para o Centro da Palhoça, mais precisamente na esquina da Praça Sete de Setembro. O antigo Bar de propriedade do senhor Waldir Wagner, vulgo Didico, estava à venda, foi a oportunidade que a família encontrou para mudar do interior para o centro da cidade. O nome do antigo Bar 7 de Setembro, deferência à Praça de mesmo nome, abrigava uma sorveteria e mesas de snooker, muito frequentado na década de 70 pela comunidade. Numa época sem tecnologia e divertimentos eletrônicos, o jogo de sinuca em mesas oficiais era apreciado pela juventude e nos finais de semana por artistas como Portãozinho (da dupla: Portãozinho e Porteirinha) entre outros admiradores.
A súbita mudança de direção da família Bernado foi abraçada com muito trabalho entusiasmo e perseverança. O casal adquiriu o bar e alugou a casa dos fundos para morar, mais tarde, compraram também a casa de propriedade da família do ex-governador José Boabaid. A presença marcante da matriarca nas atividades do comércio lhe garantiu, carinhosamente, a alcunha de dona Maria do Bar.
O prédio de arquitetura estilo luso-brasileiro, foi demolido em 1978, por motivos de segurança, assim como tantos outros. Diga-se de passagem, que o poder público municipal de Palhoça sempre foi omisso em preservar patrimônios históricos.
Bucolismo: Antigo Bar na Praça 7 de setembro, 1970, cortesia de Gedal Eventos.
A atual edificação tem dois pavimentos abriga os negócios da família, já passou por várias reformas e, remodelado, abriga, além de salas comerciais, a Farmácia do Betinho e a conceituada “Lanchonete da Dona Maria”, uma homenagem à matriarca.
O Progresso: Bar 7 de setembro- na esquina da Praça 7 de Setembro- 2016.
História de vida- Dona Maria do Bar e Ari José Bernado (in memoriam)
Ari José Bernado, comerciante e motorista do DER (Departamento Nacional de Estrada e Rodagem), com uma Máquina Patrola trabalhava nivelando as antigas estradas de barro que ligavam os bairros do sul ao centro de Palhoça.
Era também pescador artesanal, mas seu hobby era fazer amigos. No interior do município distribuía querosene para as casas que usavam iluminação de lamparina, tipo de funil com alça e pavio retorcido, que em contato com a querosene mantinha a chama acesa. Faleceu em 24 de fevereiro de 1986, depois de muito contribuir para o desenvolvimento do município de Palhoça.
Maria da Rosa Bernado completa em 07 de junho de 2021 seus 81 anos de idade em meio a uma pandemia que acomete a humanidade. Supera com maestria todas as dificuldades que a vida lhe apresenta e também venceu a contaminação pelo vírus da COVID-19 em novembro do ano passado.
Nas atividades do lar sempre teve apoio e ajuda primorosa do anjo da guarda sua mãe, a Vó Joana, presente na criação dos 7 filhos do casal.
Ativa no comércio, desde jovem, dona Maria, dedicou-se desde a década de 1960 a fazer quitutes como: cocadas cartuchos de amendoim, ovos cozidos, rosquinhas, etc. Comercializava-os na “Casa Verde Serra”, a mercearia da família, localizada na Praia de Fora, na curva próximo à Igreja do Navio. A sala da casa, durante a semana, transformava-se em salão de beleza, local onde dona Maria encrespava cabelo da mulherada em meados do século XX.
Mas os tempos mudaram, e no Centro de Palhoça, dedicou mais de 50 anos da vida a fazer os famosos salgadinhos, entre eles o famoso camarão recheado, delicioso croquete que atrai clientela de toda a grande Florianópolis.
Viúva aos 49 anos de idade, não fraquejou, continuou à frente dos negócios da família, ensinando e educando os herdeiros, os netos e atendendo os fiéis clientes. Dizem que é “dona do senadinho” pelo fato do local ser frequentado por autoridades, políticos de todos os partidos, e onde se discute todo tipo de notícias de política à futebol e outros assuntos.
Em 2017, os filhos repaginaram o antigo comércio e assumiram os negócios da família. A empresa possui aproximadamente 20 colaboradores sob novo visual, agora com a logomarca “Cafeteria da Dona Maria”, em homenagem à matriarca.
Dona Maria recorda a clientela assídua, as festas na praça, os cedrinhos que em forma de animais formavam um lindo cenário paisagístico, os canteiros floridos, o trânsito de carros na única via José Maria da Luz, antiga rua de paralelepípedos e de mão dupla, por onde trafegavam carroças vendendo mercadorias trazidas do interior. Esta era a única ligação entre Palhoça, Florianópolis e a serra catarinense, construída sobre o antigo caminho dos tropeiros no século XIX.
O empreendedorismo arrojado do casal teve continuidade sob a batuta dos filhos que estão no comando até os dias de hoje.
Atualmente, dona Maria divide seu tempo entre a moradia da Praia de Fora e a do Centro de Palhoça, diz que na praia tem paz, tem o quintal para plantar e colher, mas quando chega na lanchonete fica feliz pelo reconhecimento, por onde passa recebe o carinho e cumprimento das pessoas, afirma que todos querem conversar.
Dona Maria na Maturidade
Na maturidade dona Maria participou da Faculdade da Maturidade, do grupo de idosos, da hidroginástica, do Pilates, de caminhadas e de muitas viagens. Sentimento de alegria foi conhecer o Santuário de Fátima em Portugal, a capelinha das aparições de 1917, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, e peregrinar pelo Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, sudoeste da França. Tomar água na fonte da Gruta de Massabielle, onde em 1958 apareceu Nossa Senhora, foi emocionante. Desfrutar de muitas histórias na cidade de Galízia, noroeste da Espanha, conhecer a Catedral de Santiago de Compostela, no interior das muralhas medievais, onde está sepultado os restos mortais do apóstolo São Thiago.
Hoje, sem poder viajar, acometida de cifose torácica com traumas na mobilidade, se dedica aos cuidados da saúde e transcende no voluntariado costurando na antiga Máquina Singer, movimentada ao pedal. Confecciona com satisfação inúmeros acolchoados e roupas de crianças para doar às comunidades em vulnerabilidade social. Aos domingos espera a família para o almoço com aquela polenta italiana, cortada à linha, ou com peixes fresquinhos tarrafeados pelos filhos na madrugada. Depois do almoço rola o bom dominó para exercitar o cérebro, sempre em parceria com o mano Arino que no alto dos 90 anos é o fiel escudeiro em todos momentos.
Minha mãe, nosso orgulho, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao município foi laureada com a “Comenda Cidadã Honorária” na Câmara Municipal de Palhoça, de acordo com a Lei 3.855/13 em 22 de abril de 2013. Dona Maria, mulher vencedora, conhecedora de histórias e vivências da velha e da nova Palhoça, já deu muitas entrevistas e ainda tem muito para nos contar...
Parabéns para Você, Mãe!
É aniversário, Mãe querida
Celebremos o teu dia!
Recebes homenagens de carinho e alegria
Colhes fruto de mãe afetiva
Tua labuta, fulgura entre nós
Teu sorriso com a família reunida
É legado dos antepassados
E hoje, reverbera em nossa vida
Feliz aniversário, querida avó!
A semente do amor e da solidariedade proliferou ao longo de oito décadas vividas por dona Maria do Bar. Homenageá-la é uma forma que a família encontrou para demonstrar publicamente admiração e respeito, e dizer o quanto ela é importante no seio da sociedade e da família.
Fica, portanto, registrado nos anais jornalísticos o afeto de gratidão por tudo que ela representa e a contribuição inefável a favor do desenvolvimento do município de Palhoça.
As homenagens de carinho expressados nos depoimentos de filhos, noras, genros, netos e bisnetos que tanto a amam começa pelo o afago dos bisnetos: Elisa, Sofia, Gabriel, João e Joaquim em uníssono parabéns eles dizem “Nós te amamos Bisa”! Emoção externada pelos farmacêuticos, Nanderson Coelho, esposa Isabela e Thiago Coelho com a esposa Nádia ao transmitir caloroso abraço de admiração e o ensejo que a avó desfrute muitos anos de vida com saúde; o médico Hematologista, Dr. Bruno Bernado Teixeira, diz que a avó é fonte de inspiração, sempre carinhosa, generosa e forte, é alicerce familiar. “Quiçá, sermos em parte, o que é dona Maria. Pensa igualmente em todos, é muita sabedoria! Desejo muitos anos de vida à minha avó linda! ”
Argumento completado por sua irmã Larissa Bernado Teixeira: “A vó tem uma grandeza só dela, carrega um abraço de amor e compreensão que só a ela pertence. Ouvir suas histórias de luta, sentir sua luz, as boas sensações... as coisas mínimas que ela fala preenchem a todos ao seu redor. Meu exemplo, meu amor, minha referência. Todo amor do mundo à minha mulher infinita, meu tesouro. Parabéns avó!"
A meiguice da Luanna Bernardo transborda em afeto: “Aqui estamos, para lhe dizer do nosso amor, do nosso carinho e de nossa eterna gratidão. Feliz aniversário, vovó, por natureza, nossa mãe duas vezes, muito mais que isso, uma mulher companheira com seu jeito de moça faceira. O tempo passa e a idade chega, deixando com certeza sua marca, mas o amor não esmorece, e nós somos os mais finos galhos desta frondosa árvore familiar. Queremos ser seu apoio, seus atalhos onde você encontrará sempre um abraço de nossos braços cheios de amor. Eu amo almoçar aos domingos com a vó, parece que um simples peixe com pirão tem gosto diferente, porque é feito com amor. Eu amo sentar ao lado da família, ver e sentir o carinho contagiar, gostaria de estar assim para sempre. Sou apaixonada por nossas conversas, sempre aprendo e dou risadas. Estar com você, avozinha, é tudo de bom! Tê-la em nossas vidas é o melhor presente. Te amo vovozinha! ”
A neta Ariane Maria Martins lembra com carinho todos os momentos que marcaram sua vida junto com avó Maria, diz sentir-se honrada por chamar Dona Maria de avó. “Uma mulher guerreira, que além de se dedicar integralmente à família, dispõe o dom da costura para ajudar os mais necessitados”.
Ariane fica feliz quando a avó relata com um sorriso de orelha a orelha que foi a primeira pessoa a lhe pegar no colo, na maternidade, e que a enfermeira falou que ela foi o maior bebê nascido naquele dia. “Desde o meu nascimento, a vó Maria esteve presente em minha vida, motivo pelo qual agradeço eternamente pelos ensinamentos que fizeram eu me tornar quem sou hoje. Em momentos de dificuldade, ela esteve ao meu lado e me fez acreditar no meu potencial, mesmo quando eu não acreditava. Nos meus momentos de conquistas, na minha formatura, lá estava ela, presente para comemorar comigo e me parabenizar. Que Deus nos conceda ainda muitos anos ao seu lado. Parabéns, avó Maria. pelos 81 anos de vida”
Os gatinhos da avó Maria ficam sob a vigilância da neta Luisa Neusa Coelho, médica veterinária. “Nossa avó é uma grande mulher, rica em ensinamentos, sabedoria e fé, é uma bênção tê-la junto de nós. Trata todos nós, filhos, netos, bisnetos, genros, noras e amigos e até os bichinhos com o mesmo carinho. Sua presença fortalece o elo de união da família, temos você como um porto seguro. Avó, nós te amamos e desejamos te ver sempre sorrindo”.
O refinado bom gosto da Stefanie Martins, deixa dona Maria alinhada. A neta que escolhe as roupas para avó vestir quando sai para passear, diz que gosta de arrumar a avó, porque ela esbanja alegria e sempre quer todos ao seu lado. “A avó Maria aconselha, cuida e ama. É uma querida, sábia, exemplo digno de homenagens por seus 81 anos dedicados ao trabalho e à família. Que Deus lhe preserve assim, uma pessoa iluminada que nos faz tão bem!"
Schimen Bernado, Gabriel, João e Gustavo também expressam seus sentimentos: “Querida avozinha, que felicidade comemorar seu aniversário... sua vida... sua saúde...sua sabedoria! Que honra fazer parte da sua história... orgulho de ser netos da Dona Maria e satisfação de poder mostrar aos meus filhos a bisa querida e amorosa que eles têm! Muita saúde sempre e felicidades!"
Lucimara Bernado Teixeira, farmacêutica aposentada se refere à mãe com eterna gratidão pelo imenso amor e dedicação que sempre devotou. “Mulher de opinião, alicerce de nossas vidas, merecedora de todo amor incondicional. Lúcida, forte e independente. Que possa continuar com as costuras, plantas e gatinhos e aos domingos nos receber com aquela deliciosa polenta com galinha ensopada, acompanhada de radiche e fortaia feita de queijo e ovos, comida italiana, com certeza. Te amo Mãe. Parabéns pelos 81 anos de vida”.
Ser amada é a melhor coisa desse mundo, demonstrado pela querida Maria Helena Bernado, também farmacêutica, quase filha, sempre disposta a acompanhá-la nos exames: “Querida sogra, você é a mãe do homem mais importante da minha vida. Você trouxe ao mundo uma das minhas razões de viver e a minha grande felicidade. Este já era motivo para admirá-la, mas além de tudo você é uma pessoa adorável, uma guerreira! Hoje, digo ainda, você é minha mãe do coração. Parabéns pelo seu dia, desejo tudo de bom que a vida possa lhe oferecer”.
Admiração compartilhada pela filha Mariana Bernado e seu pai Márcio Bernado: "Obrigada por ser um orgulho tão grande para nossa família. Obrigada por ter criado uma família linda e um conjunto de heróis. Nós te admiramos muito, nós te amamos avó Maria."
Sigamos seu exemplo, como diz o Tatuíra, filho mais velho, ex-vereador por duas legislatura em Palhoça. “A mãe é nosso exemplo, já formou uma distinta família e direcionou todos na vida, temos o dever de amá-la e de cuidar bem dela”.
Os ensejos de muitos anos de vida e saúde e parabéns pelo aniversário vem dos filhos: Marinês Bernado, Rita de Cássia Bernado, Zeca (José Antônio); das netas Gisele Bernado e Amanda Martins; dos genros Júlio Teixeira e o Betinho da Farmácia.
Eu Neusa, filha mais velha, em nome de todos, quero dizer que é uma honra lhe chamar de mãe, agradeço os ensinamentos, sempre estarei ao seu lado para auxiliá-la em quaisquer circunstâncias. Parabéns por ter formado a família que sempre almejastes. Receba com carinho esse texto surpresa redigido por sua filha Neusa Bernado Coelho, farmacêutica, poetisa, historiadora. Nós te amamos, mãe!
Neusa Bernado Coelho e a mãe Maria do Bar
Dona Maria do Bar, minha Mãe,
É Maria, é Rosa, é flor.
Mulher amável e caridosa
Todos a admiram por seu valor
Minha mãe preciosa
Na praia reúne a família
Põe na mesa comida deliciosa,
Joga dominó aos domingos e feriados
Com amigos e convidados
Dona Maria do Bar, conhecida,
Dizem que é dona do “senadinho”
Vai à praia e Aparecida
Faz costuras e salgadinhos
Cuida da saúde, faz dieta
Exercícios livre ao ar
Para crianças borda cobertas,
Mulher do bem amar
Minha mãe, no entanto,
Fica feliz no momento
Em que os filhos estão reunidos
Sob o olhar atento
E talento vivido!
(Neusa Bernado Coelho)