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Por que a psicanálise? (Parte I)

São várias as veredas pelas quais podemos percorrer esse caminho na tentativa de responder a essa pergunta: Por que a Psicanálise? Em uma primeira associação, já percebemos que é uma pergunta na qual já está implicada uma escolha e quem sabe uma escolha que poderá se configurar enquanto um desejo. Um desejo de no mínimo, um querer saber sobre a psicanálise o “por que a psicanálise”?

Com o seu surgimento no final do século 19, enquanto um método terapêutico para o tratamento da histeria e das “doenças nervosas” com o então neurologista Sigmund Freud, a psicanálise em sua evolução histórica enveredou por muitos caminhos até chegar a partir dos estudos e da experiência clínica de Freud a um ponto em que se permitia dizer, de forma resumida, que o conteúdo mental não coincide com o inconsciente, rompendo dessa maneira com a tradição positivista e com a lógica cartesiana. É nessa direção que o inconsciente passa a ser em Freud, o território do traumático e, portanto, do recalcado, do desconhecido. A partir daí o mestre da psicanálise chama a atenção para as três grandes feridas narcísicas da humanidade destacando com isso os três acontecimentos que mais feriram o narcisismo humano, feridas que no ser humano se contrapunha ao seu orgulho desmesurado e a sua enorme autoestima. Esses três acontecimentos correspondem a três descobertas científicas de alta relevância para a própria história do ser humano e a sua existência.

O primeiro acontecimento que encabeça a lista dessas três feridas narcísicas foi realizado por Copérnico, que ao afirmar que o homem não é o centro do mundo e que a terra não é o centro do universo, em torno do qual tudo parecia girar - inclusive o próprio sol - e demonstra que se tem algo que gravita em torno do sol é sim, um minúsculo planeta no qual o homem vive que esse sol é também por sua vez uma estrela não de primeira, mas de quinta grandeza perdida na extremidade de um braço de uma galáxia chamada Via Láctea. Posteriormente, outros homens que chegaram a essa mesma conclusão pagaram um preço alto por isso, como por exemplo, Giordano Bruno que foi queimado vivo na fogueira diante das certezas religiosas incontestáveis da época e Galileu Galillei que foi obrigado a abjurar essas mesmas descobertas para assim evitar um destino cruel.

A segunda ferida narcísica da humanidade se refere a que foi desferida por Charles Darwin, na medida em que após décadas de observações e de estudos proclamou que o homem é o resultado da evolução natural, e que ao invés de sermos uma somente criação divina criados à imagem e semelhança, descendemos de outros primatas, ou seja, animais “inferiores” ao homem. Darwin também pagou um preço caro. Não queimou nas fogueiras da intolerância, mas foi fortemente prejudicado em sua honra de cientista e amante da verdade.

Finalmente, a terceira grande ferida narcísica foi provocada pelo próprio Freud que ao dizer que somos muito mais que a consciência que temos de nós próprios e que ela, essa consciência, é apenas uma pequena parte do nosso ser que tem muito menos importância na nossa atuação diária de que outras dimensões que fazem parte do nosso psiquismo, como por exemplo, o inconsciente.

E o que é o inconsciente?

É sobre esse tema, que abordaremos o próximo texto da série “Por que a Psicanálise? ”

*Antonio Roberto da Silva é psicanalista, membro da Maiêutica Florianópolis Instituição Psicanalítica, fundador do Projeto Social Polis Care em Santa Catarina, um projeto que envolve diversos profissionais, psicólogos e psicanalistas que ampliam o atendimento psicológico à camada menos privilegiada da população, direcionado para estudantes e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Atende como psicanalista em clínica particular e também pelo Projeto Social nas cidades de São José, Palhoça.

Coordena grupos de leituras comentadas dos textos freudianos e lacanianos na modalidade on line pelo Espacio Psi.

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Projeto Social Polis Care: (48) 99603-8856
poliscare@gmail.com

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