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A psicologia e a reconstrução de trajetórias profissionais

Foto: Artigo enviado por Marcos Henrique Antunes, coordenador do curso de Psicologia da UniSul

O desemprego, mais do que um dado estatístico, é uma situação que atinge diretamente a subjetividade de quem o vive. Em tempos marcados pela flexibilização das relações de trabalho e pela crescente exigência de múltiplas competências, o processo de busca por uma nova inserção no mercado exige mais do que enviar currículos, requer que a pessoa trilhe um processo rumo à ressignificação da sua própria trajetória.

Recentemente, vivenciamos, no Cras Jardim Eldorado, uma experiência que ilustra bem essa realidade: oficinas de orientação para empregabilidade, realizadas por professores e alunos do curso de Psicologia da UniSul, reuniram pessoas em situação de desemprego — algumas delas, imigrantes — em um espaço coletivo de escuta, troca, aprendizagem e orientação. O que poderia parecer apenas um encontro sobre como montar um bom currículo, revelou-se um exercício profundo de reconstrução da identidade profissional.

A psicologia, nesse cenário, atua como mediadora. Não apenas orienta para a seleção, mas acolhe, escuta, favorece o autoconhecimento e ajuda o sujeito a reorganizar suas experiências e desejos frente aos desafios do mercado. A cada história compartilhada nas oficinas — de perda, migração, reinvenção — emergia a necessidade de um olhar que não dissociasse o profissional do pessoal, nem o prático do emocional.

Discutir as etapas de um processo seletivo ou revisar a estrutura de um currículo são ações que ganham outra densidade quando antecedidas por reflexões sobre quem se é, o que se busca e como se enfrenta o momento presente. A insegurança que acompanha o desemprego não se resolve apenas com informações, mas demanda apoio para reconstituir um projeto de vida.

É nesse ponto que a psicologia reafirma seu compromisso social. Ao atuar junto a políticas públicas, como no contexto da assistência social, ela contribui para processos de emancipação — não como promessa imediata de trabalho, mas como suporte qualificado para a retomada de caminhos. O trabalho não é apenas meio de sobrevivência, mas também fonte de pertencimento, sentido e dignidade.

Diante de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, é essencial que práticas como essas se multipliquem. Integrar técnica e escuta ajuda a apoiar pessoas, em suas capacidades e em sua potência de recomeçar. A psicologia tem muito a oferecer nesse processo. 

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