De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 19% da população brasileira tem algum tipo de deficiência visual. Deste total, mais de 6 milhões têm questões severas. Para o médico oftalmologista Maikon Afonso Colassanti, a visita regular ao especialista é necessária e imprescindível.
"O brasileiro associa muito o oftalmologista aos óculos. Então se ele acha que está vendo bem ou se os óculos ainda estão bons, ele não vai. Só que o oftalmologista não passa só óculos, né? Os óculos são o comecinho da consulta. O que vem depois é muito mais importante, na verdade. A gente olha fundo de olho, mede a pressão do olho, procura catarata, procura glaucoma, procura doença da retina. A consulta é muito mais vasta do que tem esse conceito” afirma o médico.
O especialista em cirurgia de catarata e refrativa destaca que algumas doenças oculares podem evoluir para cegueira e merecem atenção especial a partir dos 50 anos. Silenciosa e de evolução lenta, o glaucoma é uma delas.
"Existe uma grande quantidade de doenças na oftalmologia que levam a cegueira, mas as que são mais frequentes, a causa de cegueira irreversível, a que acontece mais no mundo é o glaucoma, que é uma doença relacionada à pressão dos olhos. Ela tem uma relação com a genética, a parte familiar, e tem também uma relação com outras doenças associadas. Pessoas que têm diabetes, pessoas que fizeram uso de algumas medicações ou tiveram algum trauma no olho podem desenvolver o glaucoma. E o problema é que ela é irreversível. Quando você faz o diagnóstico, no estado que você estiver, você só vai estacionar a doença. Mas se ela já estiver no estado muito avançado, não tem como mais parar o processo."
A outra doença é uma consequência natural do envelhecimento. Todos vão desenvolvê-la em algum momento da vida, e a única forma de tratamento é a cirúrgica.
"A catarata é algo que não é genético. Após 60 anos, começa um endurecimento da lente que nós temos dentro do olho, que é o cristalino, que nasce transparente. Como ela é feita de proteína, ela vai estragando com o passar dos anos e isso também acontece muito lentamente; o paciente não consegue perceber que ele está perdendo qualidade. Existia uma ideia antiga, porque a cirurgia de catarata era uma cirurgia perigosa, então a gente tinha o protocolo de só operar o paciente depois que ele tivesse perdido 50% da visão para valer o risco da cirurgia. Não precisamos mais fazer essa abertura dos olhos: com uma incisão de 2 mm é possível fazer a cirurgia. Então esse conceito de esperar o paciente perder metade da visão para operar não existe mais. Existe no Brasil até uma lei, que é recente, que hoje a cirurgia de catarata não é mais só com o propósito de tirar a catarata, ela também é com o propósito de corrigir o grau."
O médico ressalta que manter uma alimentação saudável, usar óculos de grau e de sol de qualidade e se submeter a uma rotina periódica de exames preventivos é uma combinação ideal para preservar a boa visão.